Seis anos de observações da nave europeia Venus Express revelam que Vénus poderá ter vulcões em actividade, que provocam grandes mudanças na sua atmosfera.
Vénus poderá ter vários vulcões em actividade, revelam seis anos de observações da nave Venus Express da Agência Espacial Europeia (ESA), que registaram grandes mudanças na quantidade de dióxido sulfúrico existente na sua atmosfera.
O segundo planeta do Sistema Solar está coberto de centenas de vulcões e a sua densa atmosfera contem um milhão de vezes mais dióxido sulfúrico do que a atmosfera da Terra, onde quase todo este gás tóxico é produzido por erupções vulcânicas.
Em Vénus, a maior parte deste gás concentra-se debaixo da densa camada de nuvens que cobre o planeta, rica em ácido sulfúrico. "Se encontramos um aumento da concentração do dióxido sulfúrico na alta atmosfera, significa que algum fenómeno recente aconteceu, porque as moléculas deste gás são destruídas pela luz do Sol passados poucos dias", explica Emmanuel Marcq.
O investigador do Laboratório de Atmosferas, Meios e Observações Espaciais, em França, é o principal autor do artigo publicado na revista científica internacional "Nature Geoscience", onde são reveladas estas descobertas da nave Venus Express.
Os mistérios da circulação da densa atmosfera
No entanto, outro dos autores do artigo, Jean-Loup Bertaux, investigador principal da área de deteção da equipa que controla a nave da ESA, admite que "as peculiaridades da circulação da atmosfera de Vénus que os cientistas ainda não compreendem plenamente podem também produzir o mesmo resultado".
De facto, os cientistas admitem que exista uma variabilidade decadal (de dez em dez anos) na circulação da atmosfera venusiana, tal como já fora observado pela sonda Pioneer Venus, da NASA, neste planeta localizado entre 38 milhões a 261 milhões de quilómetros da Terra.
O planeta tem uma característica curiosa: a sua densa atmosfera faz uma rotação completa em quatro dias terrestres, enquanto a rotação completa de Vénus demora 243 dias terrestres. A rápida circulação atmosférica espalha o dióxido sulfúrico por vastas zonas, tornando difícil isolar os pontos individuais, correspondentes a eventuais erupções vulcânicas, que estão na origem deste gás tóxico.
A Venus Express é a primeira missão ao segundo planeta do Sistema Solar da ESA. Foi lançada em novembro de 2005 e chegou à orbita do planeta em abril de 2006, tendo como principal objetivo a observação da atmosfera de Vénus, um planeta com três características muito semelhantes à Terra: a dimensão, a gravidade e a composição.
Até agora, no Sistema Solar, só eram conhecidos vulcões ativos em quatro locais: na Terra, em Io (saltélite de Júpiter), em Tritão (satélite de Neptuno) e Enceladus (satélite de Saturno).
Fonte: Expresso
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