No Emirates Palace, o mais luxuoso de Abu Dhabi, gastam-se todos os anos cinco quilos de ouro comestível.
O Rolex de grandes dimensões que está na entrada do Emirates Palace marca 19h00. Pela pressa dos empregados em abrir a porta aos visitantes e estacionar os carros topos de gama que começam a fazer fila percebe-se que esta é uma hora movimentada no hotel de cinco estrelas, o mais luxuoso de Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos. Uma mulher, vestida com uma túnica árabe (Abaya), pára o Porsche Panamera branco. Sai do automóvel (o empregado apressa-se a ir estacioná-lo) e dirigi-se para a entrada do hotel, onde outras duas mulheres, igualmente cobertas, a esperam.
"Nos Emirados a vida social faz-se muito em hotéis. As pessoas são felizes, não há um 'gap' entre ricos e pobres", diz ao Económico Bugra Berberoglu, 'general manager' do Emirates Palace. As três mulheres atravessam um extenso corredor até ao bar e pedem 'capuccinos'. Só que este não é um 'capuccino' qualquer. É decorado com três gramas de ouro comestível. Quem quiser pode também pedir uma 'flûte' de champanhe com ouro. Neste hotel, a maioria dos pratos também é confeccionado com algumas gramas deste metal precioso. "Todos os anos gastamos entre cinco a seis quilos de ouro na cozinha", acrescenta o 'manager'.
Os clientes do Emirates estão habituados ao luxo. Chegam de Ferrari, Rolls Royce, Lexus ou Porsche. No chão de mármore, junto à porta principal, há um empregado só para limpar as marcas dos pneus. "Nada pode falhar", explica Berberoglu. De facto, o governo de Abu Dhabi gastou 3,5 mil milhões de dólares (cerca de 2,5 mil milhões de euros) para construir o Emirates. O hotel tem 394 quartos e suites, que variam entre os 55 e os 680 metros quadrados, uma praia privativa com areia branca importada da argélia e 1200 empregados de 60 nacionalidades.
O 'design' foi da responsabilidade de uma equipa de especialistas ingleses em decoração de palácios. Há palmeiras no interior do hotel e as paredes e o chão são de mármore. O tecto do Emirates é forrado em papel com partículas de ouro e tanto os candeeiros com os puxadores das portas são feitos de cristais. Entre os principais clientes estão milionários americanos e do Médio-Oriente. No dia em que o Económico visitou o Emirates Palace, algumas suites estavam ocupadas por famílias indianas e russas, que chegam a pagar mais de dois mil euros por noite. As suites são compostas por três quartos de grandes dimensões, sala de estar e sala de jantar. Estão também equipadas com telefone, computador e ecrãs gigantes de televisão.
Quem for convidado do Sheik Khalifa bin Zayed Al Nahyan, presidente dos Emirados Árabes Unidos, tem mais sorte e não paga nada. Bill Gates, o fundador da Microsoft, foi um destes casos. "Ficou instalado no quarto principal. Os outros quartos foram ocupados pelos seguranças", diz Shambu, um dos empregados do hotel.
Bugra Berberoglu, o 'manager' do hotel, veio da Turquia para dirigir o Emirates Palace. Oriundo de uma família ligada ao ramo da hotelaria diz que teve "a sorte de estar no sítio certo à hora certa" quando recebeu o convite. "Este hotel dá dinheiro. Se fosse na Europa, com os impostos que tinha de pagar já tinha fechado as portas." Por volta das 20h30, as três mulheres deixam o hotel. O parque de estacionamento começa a ser pequeno para os visitantes que chegam para jantar ao som de violinos. Num país com uma crescimento sustentado de 8% nos últimos dez anos, o luxo e a ostentação fazem parte do dia-a-dia.
Fonte: Económico
Fonte: Económico
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