quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Astrónomos encontram planeta errante sem estrela

Impressão artística do planeta errante agora descoberto, que não orbita em torno de nenhuma estrela e, por isso, não brilha com luz refletida, sendo apenas detetado por telescópios de infravermelhos.
Astrónomos franceses e canadianos encontraram um planeta a vaguear pelo espaço sem uma estrela hospedeira a 100 anos-luz do Sistema Solar. Trata-se do planeta errante mais próximo da Terra descoberto até agora.

Uma equipa de astrónomos franceses e canadianos descobriu um planeta a vaguear pelo espaço sem uma estrela hospedeira a cerca de 100 anos-luz do Sistema Solar, a distância mais próxima da Terra até agora encontrada para objetos deste tipo.

O planeta foi detetado com a ajuda do Very Large Telescope do Observatório Europeu do Sul (ESO) - organização a que Portugal pertence, que tem os seus telescópios localizados no deserto do Atacama, no Chile - e do Telescópio Canadá-França-Havai, localizado no topo do vulcão adormecido Mauna Kea, no Havai.

A relativa proximidade do planeta, juntamente com a ausência de estrela brilhante muito próxima, permitiram aos astrónomos estudar a sua atmosfera em detalhe, e deu uma ideia do tipo de planetas extrasolares que futuros instrumentos poderão observar em torno de estrelas diferentes do Sol.
Planeta maior que Júpiter ou estrela falhada?

Os planetas errantes são objetos com massas típicas de planetas, que vagueiam pelo espaço sem ligação a nenhuma estrela. Já foram descobertos antes, mas sem o conhecimento das suas idades não foi possível saber se eram realmente planetas ou anãs castanhas, isto é, estrelas falhadas que não conseguem ter tamanho suficiente para dar início às reações termonucleares que fazem brilhar as estrelas bem sucedidas.

Em todo o caso, o planeta errante, chamado CFBDSIR2149, parece fazer parte de um grupo de estrelas próximas conhecido por Associação Estelar AB Doradus . As estrelas que o compõem deslocam-se em conjunto no espaço e pensa-se que se tenham formado todas ao mesmo tempo.

A possível ligação àquele grupo estelar poderá apontar para uma massa do planeta de aproximadamente 4 a 7 vezes a massa de Júpiter, com um temperatura efetiva de cerca de 430 graus Celsius. A idade do planeta será a mesma do grupo, ou seja, 50 a 120 milhões de anos.

É a primeira vez que um planeta errante é identificado como fazendo parte de um grupo estelar em movimento. Se o planeta estiver de facto associado a este grupo, é um astro jovem e será possível deduzir muito mais sobre as suas características, incluindo a idade, temperatura, massa e composição da atmosfera. Existe também uma pequena probabilidade de que a sua ligação ao grupo de estrelas seja ocasional.
Procurar estrelas é como estudar pirilampos


"Procurar planetas a orbitar estrelas é semelhante a estudar um pirilampo que se encontra a um centímetro de distância de um farol distante de automóvel", explica Philippe Delorme, astrónomo do Instituto de Planetologia e Astrofísica de Grenoble (França) e principal autor do estudo sobre esta descoberta, acrescentando que o planeta errante "oferece-nos a oportunidade de estudar o pirilampo com todo o pormenor, sem que as luzes brilhantes dos faróis do automóvel estraguem tudo".

Pensa-se que os astros errantes como o CFBDSIR2149 se formam ou como planetas normais que foram ejetados dos seus sistemas planetários, ou como objetos solitários, tais como estrelas muito pequenas ou anãs castanhas.

"Estes objetos são importantes, já que nos podem ajudar a compreender melhor como é que os planetas são ejetados dos sistemas planetários ou como é que objetos muito leves podem resultar do processo de formação estelar", conclui Philippe Delorme.

Oss astrónomos consideram que estes objetos podem ser comuns e talvez tão numerosos como as estrelas normais. Eles começaram a ser conhecidos na década de 1990, quando os astrónomos descobriram que é difícil determinar o ponto a partir do qual uma anã castanha passa para a faixa das massas planetárias.

Estudos mais recentes sugeriram que pode haver uma quantidade enorme destes corpos pequenos na nossa galáxia, com uma população quase duas vezes maior que as estrelas de sequência principal.

Fonte: Expresso

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