Muitas crianças têm dificuldade para desfrutar de uma noite de sono completa e restauradora, o que acaba preocupando os pais. Porém, é importante saber que alguns distúrbios são normais no período de maturação do sono e passam naturalmente com o tempo.
A criança que brinca, corre, pula, frequenta a escolinha e tem uma rotina agitada, própria dos pequenos, geralmente, no fim do dia, após o banho e a alimentação adequada, dorme como um anjinho, calmo e tranquilo. Mas esse quadro não se aplica a 100% das crianças. Algumas costumam acordar assustadas no meio da noite, demoram para pegar no sono ou têm algum outro tipo de distúrbio que impede que a noite transcorra em paz.
De acordo com a neuropediatra e neurofisiologista do Hospital Santa Catarina, Maristela Costa, até os quatro anos a criança ainda está na fase de maturação do sono e qualquer anormalidade ou inconstância pode ser considerada normal. "A estrutura do sono adulto é composta por quatro fases distintas. A 1ª e a 2ª são fases de sono leve, a 3ª e a 4ª são as fases do sono profundo (restaurador), seguido do sono REM, na qual as pessoas sonham. Quando falamos de bebês, essas fases ainda estão desorganizadas, pois passam por um processo de maturação", explica a médica, que diz, ainda, que a maturidade do sono acontece por volta dos quatro anos. Após essa idade, a tendência é que o sono já esteja bem organizado, mas alguns distúrbios de sono ainda são esperados até a fase da adolescência.
A partir dos quatro anos, alguns outros aspectos precisam ser avaliados caso o sono da criança não comece a se normalizar. O primeiro, de acordo com a neuropediatra, é no que diz respeito à parte orgânica.
"A criança pode ter alguma obstrução, como aumento das adenóides ou rinite alérgica, que atrapalha o sono causando obstrução das vias aéreas superiores." Se o problema não for físico, o próximo passo é avaliar a vida emocional e a rotina da criança. "Quando a família passa por algum problema ou alteração da rotina, como separação, desavenças permanentes ou até a chegada de um irmãozinho, a criança pode ter fantasias, pesadelos, já que estes períodos de ansiedade costumam refletir durante o sono. O convívio com pessoas muito agitadas ou ansiosas também pode influenciar na qualidade do sono infantil."
Distúrbios do sono
Entre os distúrbios, que são conseqüências dessa imaturidade do sono, um dos que costuma assustar os pais é o terror noturno, no qual a criança acorda em pânico, confusa e, geralmente, aos prantos. O terror noturno costuma acontecer sempre no mesmo horário, após o mesmo intervalo de tempo entre pegar no sono e despertar em pânico.
Entre os distúrbios, que são conseqüências dessa imaturidade do sono, um dos que costuma assustar os pais é o terror noturno, no qual a criança acorda em pânico, confusa e, geralmente, aos prantos. O terror noturno costuma acontecer sempre no mesmo horário, após o mesmo intervalo de tempo entre pegar no sono e despertar em pânico.
De acordo com Maristela, 15% das crianças entre quatro e sete anos podem desenvolver esse distúrbio, que tende a diminuir com o tempo. Uma dica da médica para os pais controlarem o terror noturno é acordar a criança alguns minutos antes dos sintomas. "Como o evento costuma acontecer sempre no mesmo período da noite, os pais podem acordar as crianças alguns minutos antes e depois deixar que elas durmam normalmente", diz a médica que afirma, ainda, que após uma semana realizando esta rotina os eventos de terror noturno costumam desaparecer.
Outro problema que pode atrapalhar o sono infantil é o sonambulismo, que segundo a neuropediatra atinge 3% da população entre 3 e 19 anos, sendo que 50% dessas crianças falam e andam pela casa. "O problema se agrava se a criança consegue abrir portas e sair de casa", alerta Maristela, que aconselha os pais a tornarem o ambiente o mais seguro possível, tirar chaves das portas e fecharem bem as janelas. Quanto a acordar a criança, a médica indica que os pais tentem levá-la para a cama sem despertá-la, já que ela vai acordar desorientada e agitada.
A enurese noturna, o famoso xixi na cama, também é outro distúrbio que acomete muitas crianças. A maioria dos casos acontece porque a mãe tira a fralda do bebê muito cedo - em geral o "desfraldamento" começa entre um ano e um ano e meio -, mas nem todas as crianças estão prontas para fazê-lo, isto é, não têm controle sobre a vontade de urinar. "A mãe deve considerar o momento de tirar a fralda quando o pequeno já sabe avisar que precisa ir ao banheiro", diz a médica. O treino para ensinar a criança a freqüentar o vaso sanitário também precisa ser constante, para não confundi-la. "A mãe que deixa o filho sem fralda durante o dia e deixa que ele a use quando sai para um passeio, acaba confundindo a cabeça do pequeno, que não sabe quando deve ou não fazer o xixi. Para tirar a fralda noturna é importante observar, após o "desfraldamento" diurno, o momento em que a fralda amanhece seca." Até os oito anos, no decorrer de um ano, 20% das crianças passam por esse problema e, acima dessa idade, 5% dos pequenos ainda podem desenvolver esse distúrbio.
"Se o problema persistir ou a frequência de ocorrência for alta, a mãe deve considerar a possibilidade de problemas de má-formação urogenital ou até problemas neurológicos e deve consultar um médico." Um caso mais raro de distúrbio do sono, mas que pode acontecer com 0,6% das crianças com até dois anos é o Jactatio Capitis Nocturna, ou balanço repetitivo.
"Se o problema persistir ou a frequência de ocorrência for alta, a mãe deve considerar a possibilidade de problemas de má-formação urogenital ou até problemas neurológicos e deve consultar um médico." Um caso mais raro de distúrbio do sono, mas que pode acontecer com 0,6% das crianças com até dois anos é o Jactatio Capitis Nocturna, ou balanço repetitivo.
Trata-se de uma situação na qual o bebê só consegue dormir balançando-se de um lado para o outro. "Esse sintoma, muitas vezes, é confundido com uma crise convulsiva, mas é benigno e desaparece com a idade", alerta a médica.
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