Uma equipa de investigadores portugueses do Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC) identificou um gene -- Viriato - que controla a proliferação das células e poderá desempenhar um papel no desenvolvimento de tumores.
«A ausência de Viriato causa problemas no crescimento dos tecidos e no desenvolvimento do organismo», refere a equipa do IBMC, em comunicado hoje enviado à Lusa e que vê o seu trabalho publicado na edição de sábado da revista internacional Development.
Este gene, referem, «pertence a uma família de genes já identificada mas cujas funções ainda não eram conhecidas».
De acordo com Paulo Pereira, coordenador deste projeto, “este é o primeiro trabalho em que se estudaram as funções deste gene num organismo, neste caso a Drosophila”, a mosca da fruta.
Os autores mostram que as moscas com deficiência de Viriato apresentam um claro atraso no desenvolvimento e garantem que “o resultado mais notável deste trabalho é o facto de Viriato estar implicado no crescimento celular descontrolado induzido pelo oncogene (relacionado com o surgimento de tumores) MYC”.
De acordo com os investigadores, “a expressão descontrolada de MYC está associada ao desenvolvimento de inúmeros tumores”.
“Com este estudo sobre Viriato, esta relação fica agora mais clara: MYC ativa o gene Viriato, que por sua vez atua no nucléolo (uma sub-estrutura célular), promovendo um crescimento descontrolado das células”, salientam.
Uma das autoras do estudo, Joana Marinho, explica ser agora necessário “aprofundar como a dupla de genes, MYC e Viriato, atuam na regulação dos ribossomas”, uma vez que são estes componentes celulares que “participam no controlo de todos os aspetos da vida das células, em particular na sua capacidade para crescer e proliferar”.
Para Paulo Pereira, “o próximo passo será determinar até que ponto os tumores com alterações na estrutura do nucléolo [organelo ligado ao processo reprodutivo da célula] apresentam níveis desregulados do gene Viriato e de que forma alterações na função de Viriato poderão estar associadas ao desenvolvimento tumoral”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário