quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Jogos: Dead Space 2, melhor survival horror da actual geração de consolas.

Mais de dois anos após termos sido apresentados a Isaac Clark, a Electronic Arts e a Visceral ofereceram-nos o seguimento da aventura do engenheiro espacial. E que não haja qualquer dúvida de que se trata do melhor jogo do género survival horror disponível para a actual geração de consolas. É a EA a começar o novo ano em grande estilo.
A acção tem início três anos após os acontecimentos relatados no primeiro Dead Space. Isaac Clark encontra-se em Sprawl, uma vasta estação espacial construída em Titã, o maior satélite natural de Saturno. É aí que irá presenciar a transformação em necromorphs de quase todos os habitantes da colónia, enquanto tenta lidar com um estado mental em derrocada e com as poucas memórias relativas aos últimos trinta e seis meses.
Consciente que o surto de necromorphs deve-se à proximidade do Marker, o engenheiro parte em busca do enorme objecto, tendo como objectivo a sua destruição. Pelo meio, vai tentando evitar a passagem para um estado de loucura do qual não poderá regressar.
A história é contada através de uma dúzia de horas de jogo, começando a bom ritmo, perdendo-se um pouco pelo meio e terminando com um verdadeiro estrondo. No seu todo, irá agradar muito não só aos apaixonados pelo primeiro Dead Space, mas também a quem goste do universo do horror, violência explícita e de ficção científica. Temos de confessar que nos encheu as medidas.
Como é sabido, agora Isaac não só mostra a sua face, como também fala pelos cotovelos, ao contrário do que acontecia no capítulo de estreia, no qual não proferia qualquer palavra. Uma boa decisão, responsável por dar mais personalidade ao mais sofredor dos engenheiros.

Passando para a mecânica, nada do que é apresentado em Dead Space 2 será estranho a quem tiver passado pelo primeiro jogo. Portanto, contem com uma obra de acção na terceira pessoa, durante a qual se palminha cenários de construção linear, não havendo qualquer risco de nos perdermos na caminhada do ponto A ao ponto B de cada segmento dos níveis. De volta está a indicação do caminho a tomar, que surge no chão quando se clica um dos sticks direccionais. Só facilidades.
De novo, os confrontos com os necromorphs têm como base o seu desmembramento. É dessa forma que tornamos as suas investidas mais lentas, no caso de separarmos as pernas dos troncos. Depois é disparar na direcção dos braços e tentar acertar-lhes nas cabeças. Violência visual mais do que garantida.
Como cereja no topo do bolo, há que esmagar os cadáveres à base da pisadela ou da coronhada, acto que resulta em objectos para serem apanhados. Digamos que não se trata de um jogo para os mais impressionáveis.
A variedade de necromorphs é maior, com alguns dos novos inimigos a serem realmente complicados de abater. Se a este facto juntarmos as cenas e momentos que nos colocam em situações totalmente inesperadas, chega-se à conclusão que Dead Space 2 raramente fica monótono e rotineiro.
As tais situações oferecem ao título da Visceral um sabor altamente cinematográfico, devido aos ângulos de câmara escolhidos, já para não dizermos que nos colocaram em constante estado de sobreaviso, sendo poucos os momentos em que o coração não bateu a altíssimo ritmo. Definitivamente, trata-se de uma aventura que deverá ser usufruída à noite, com as luzes desligadas e com o som bem alto.

Há que deixar uma palavrinha para as mortes do pobre Isaac, cada uma mais sádica e violenta do que a outra. Naturalmente que também nestes casos os desmembramos, perfurações e empalamentos estão na ordem do dia. A espectacularidade desses actos é tal, que até apetece deixar o pobre engenheiro morrer só para se assistir à cena.
De regresso está a totalidade das armas de Dead Space, às quais se junta um conjunto de brinquedos desenvolvidos para esta continuação. Mesmo assim, a nossa preferência continou a ir para o incontornável e sempre confiável Plasma Cutter.
Devido à constante falta de munições, não foram poucos os momentos em que demos por nós em situações realmente complicadas, razão que nos levou a não sermos tão esquisitos no que toca a armas, pois todas acabaram por ser utilizadas. Assim sendo, convém não apostar no upgrade (feito à base dos power nodes escondidos dos níveis) de apenas uma delas, pois esse erro poderá resultar em enormes complicações durante a recta final da aventura.
Os ataques por nós desferidos podem, e devem, ser usados simultaneamente com a stasis, poderes que regressam do jogo anterior. Mas agora não só colocamos os inimigos em câmara lenta, como também podemos utilizar membros decepados, entre outros mimos, para empalar as criaturas. Magnífico e extremamente útil, tendo em conta a escassez de munições.
Uma das melhorias realizadas nesta continuação está directamente ligada às partes dos cenários onde a falta de gravidade dá sinal de si. Se em Dead Space eram um pouco fracas, obrigando-nos a saltar de ponto em ponto, resultando em momentos de fraca jogabilidade, neste segundo capítulo o fato de Isaac traz propulsores que o fazem voar, literalmente, através dos locais. Muito bom.
Como já foi mencionado, a aventura tem uma duração de perto de doze horas, querendo isto dizer que a longevidade de Dead Space 2 é muito boa.
Para além disso, convém referir que é impossível melhorar as armas ao máximo durante apenas uma incursão através de Dead Space 2, facto este que oferece bons condimentos para uma segunda ou mesmo terceira passagem pelos corredores de Sprawl.
E aqueles que não se sentirem desafiados poderão entrar em acção no modo Hard Core, desbloqueado quando se termina o jogo pela primeira vez. Acreditem que aí as facilidades são poucas... para não dizermos que são inexistentes.
O jogo vem acompanhado por uma componente multiplayer, onde nos cinco mapas disponíveis os utilizadores dividem-se entre humanos e necromorphs (quatro para cada lado). Como é habitual nos dias que correm, as acções resultam em aumentos de experiência, que vai dando acesso a novas armas, partes para os fatos e melhorias para os ataques das monstruosidades.

Mesmo não sendo nada que fique para a história ou que nos venha a prender por um longo período de tempo, não deixa de ser uma pequena mais valia para a aventura de Isaac. Mas obviamente que a estrela de serviço é, por longa margem, o modo para um jogador.

Como devem calcular, neste caso específico, é impossível não aconselharmos a versão PlayStation3. Isto porque a obra vem acompanhada por uma versão HD de Dead Space: Extraction, o excelente on-rails shooter lançado no ano passado para a Wii, que aqui pode ser usufruído com o Sixaxis/DualShock3 ou com o Move, sendo óbvio que é com este último que o gozo atinge toda a sua plenitude.
Assim, os utilizadores da consola Sony têm ao seu alcance um pacote composto por um dois-em-um absolutamente indispensável. Um bónus extraordinário, acreditem.
Em termos gráficos, Dead Space 2 dá sinal de si no ecrã dos televisores com um visual melhorado, comparativamente ao primeiro jogo do franchise. Os cenários mostram-se mais variados, mais detalhados e com texturas de melhor qualidade.
O mesmo pode ser dito dos necromorphs, que aqui se apresentam com magníficas animações, que lhes oferecem uma fluidez soberba. Tudo isto dá sinal de si na companhia do melhor sistema de luz e sombras desenvolvido para um vídeojogo.
Há também que referir que o constante backtracking do Dead Space de estreia desapareceu, não estando presentes grandes regresso a cenários previamente visitados, facto que oferece maior ritmo à obra.
O fantástico ambiente gráfico é complementado por uma sonoplastia praticamente imaculada, tanto a nível de composições, como também de efeitos e diálogos digitalizados. Digamos que sem ela a aventura seria bem menos assustadora.
Conclusão, Dead Space 2 é o melhor survival horror criado para a actual geração de consolas. Um jogo com uma qualidade que impressiona, sendo absolutamente aconselhável para quem goste de experiência intensas, repletas de adrenalina, capazes de aumentar consideravelmente o ritmo cardíaco. Gostámos muitíssimo!

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