A população portuguesa sofre de uma carência de iodo moderada, sendo que cerca de metade das crianças em idade escolar possuem níveis abaixo do recomendado, concluiu um estudo que é hoje divulgado.
“Em Portugal há uma carência de iodo moderada em toda a população”, disse à agência Lusa o coordenador do “Estudo do Aporte do Iodo em Portugal”, iniciado há três anos pelo Grupo de Estudos da Tiróide da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo.
Segundo Edward Limbert, “essa carência repercute-se mais nas mulheres grávidas, isto porque durante a gravidez as necessidades de iodo aumentam em cerca de 50 por cento”.
“A carência nas grávidas faz-se sentir muito. Isto tem uma agravante, essas carências moderadas de iodo, como se tem verificado noutros países europeus e em estudos que têm sido feitos para ver quais são as repercussões destas carências, podem dar origem a problemas nas crianças”, disse.
O professor explicou que “a síntese das hormonas tiróideias depende do iodo, se o iodo baixa e como essas hormonas têm influência no sistema nervoso do feto, isso pode ter consequências pejorativas que se traduzem depois em problemas de aprendizagem escolar e em défice de atenção nas crianças”.
Para aumentar os níveis de iodo, “recomenda-se que durante a gravidez, ou mesmo quando pensam engravidar, as mulheres comecem a fazer uma suplementação de iodo”.
O estudo demonstra que 80 por cento das grávidas portuguesas têm níveis de ingestão de iodo abaixo do desejável e 20 por cento níveis muito baixos.
O “Estudo do Aporte do Iodo em Portugal”, que incidiu ainda em crianças entre os seis e os doze anos, concluiu que 46,9 por cento da população portuguesa infantil apresenta níveis de iodo abaixo do recomendado.
“O estudo infantil traduz o que se passa na população em geral. Há um défice de iodo não muito marcado, que nós chamamos de moderado”, afirmou Edward Limbert.
De acordo com o coordenador do estudo, a carência de iodo “poderá ter alguma influência no seu desenvolvimento psico-intelectual, mas não há estudos que demonstrem que carências desta natureza são suficientes para provocar alterações nas crianças”.
“As carências de iodo são mais graves até aos dois anos de idade, que é quando se completa o desenvolvimento do sistema nervoso, mas nós não analisámos as crianças de dois anos”, disse.
A Organização Mundial de Saúde (OMS), referiu, recomenda que se faça a iodização do sal, quer isto dizer, “pôr uma percentagem de iodo no sal das cozinhas”.
“Isso tem que ser uma medida legislativa como aconteceu em Itália. Até lá deve comer-se mais peixe e substâncias vindas do mar, ricas em iodo”, referiu.
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