Os descontos na compra de habitação, que podem ir até 20%, estão a atrair mais investidores. Parte destas aquisições está a potenciar o negócio do arrendamento.
O mercado da habitação voltou a ser sedutor para quem investe em imobiliário, mas ainda não para quem quer comprar casa própria. Agora, o negócio é adquirir casas de tipologias baixas - T0 e T1 - para depois colocar no mercado de arrendamento.
Esta tendência está a ser maioritariamente liderada por empresas de mediação imobiliária, que escolhem os apartamentos, de preferência novos e localizados em zonas de maior procura para arrendamento, os vendem aos investidores, que depois preparam todo o processo de selecção dos potenciais inquilinos. Um negócio que as mediadoras garantem ser atractivo: primeiro, porque os investidores aplicam as poupanças em algo seguro; depois, porque, dizem os mediadores, o novo arrendamento já garante taxas de rentabilidade entre 5% e 7%.
De acordo com alguns mediadores, presentes na Imobitur, feira do sector que terminou no último domingo, 20, na Exponor, há empresas a fazer, em média, duas ou três operações de venda de casas a investidores. Paulo Delgado, sócio-gerente da MHP, sociedade de mediação imobiliária, confirma que, entre Novembro de 2001 e Janeiro deste ano, vendeu nove apartamentos T1, apenas num prédio, destinados a arrendamento. "Fazemos sempre um estudo exaustivo e depois propomos o negócio ao investidor", explica.
Guilherme Grosman, responsável pela mediadora Consultan, confirma o aumento de interesse por parte de investidores. "Temos em vista um conjunto de situações que estamos a analisar e que se devem ao maior interesse que surgiu desde que se começou a falar nas mudanças da lei do arrendamento".
Promotores fazem descontos em imóveis de gama média-alta
Na Baixa do Porto, os jovens estudantes - muitos deles estrangeiros que estão na cidade através do programa Erasmus - têm sido os principais clientes das casas para arrendar, criando uma dinâmica interessante nesta zona. Também em Lisboa se verifica uma maior procura de apartamentos destinados aos arrendamento, sobretudo nas zonas junto às universidades e aos centros das cidades. Contudo, tanto em Lisboa como no Porto há áreas onde a procura é 100% superior à oferta existente.
Uma situação que leva as mediadoras a seleccionarem empreendimentos de gama média-alta, mas onde o promotor está receptivo a um desconto que pode ser significativo. Paulo Delgado confirma que, "especialmente na compra em bloco, pode chegar-se a 15% ou 20% de desconto no preço final".
Exemplo disso é o empreendimento Boavista Prime, promovido pela Galilei, localizado junto à Casa da Música, no Porto, a CB Richard Ellis, vendeu quatro dos 18 apartamentos a investidores que pretendem colocar os imóveis no mercado para arrendar. A mediadora é responsável pela comercialização do imóvel e trata de todo o processo, ou seja, a venda do imóvel e a selecção dos futuros clientes de arrendamento.
Novas medidas agilizam mercado de arrendamento
As medidas que o Governo aprovou recentemente em Conselho de Ministros para promover o investimento na reabilitação e a dinamização do arrendamento são encaradas pelo mercado como muito positivas e importantes para dinamizar o sector, permitindo que aumente a oferta de casas para arrendar.
A situação dos despejos - quando os inquilinos se recusam a sair por falta de pagamento - é uma delas. Hoje, um despejo pode durar dois anos, mas as novas regras prevêem que seja conseguido em poucas semanas. Contudo, mesmo com esta melhoria, é visível um maior rigor na selecção do futuro inquilino, de forma a evitar situações de despejo dos inquilinos, muito dispendiosas para os proprietários.
As empresas de mediação exigem agora um conjunto de documentos, como um comprovativo da declaração de IRS, para garantir que os clientes têm condições de pagar as rendas. Em alguns casos, são mesmo pedidas
Nenhum comentário:
Postar um comentário