Um fumo acinzentado saía, hoje de manhã (hora local), dos reactores 2 e 3 da central nuclear de Fukushima (nordeste do Japão), noticiou a agência Kyodo, citada pela AFP. Os trabalhos de reparação, que decorrem na central para voltar a colocar ao serviço parte dos equipamentos, foram interrompidos por causa do fumo, adiantou a agência noticiosa nipónica, o mesmo acontecendo com o arrefecimento dos reactores por meio de canhões de água.
O reator 3 foi o mais afetado pelo sismo e tsunami do passado dia 11: o telhado do edifício superior ficou completamente destruído pela forte explosão da semana passada, provocada pela acumulação de hidrogénio, no seguimento das operações de despressurização.
O reator 3 é também o mais inquietante por conter combustível MOX, mistura de óxidos de plutónio e urânio resultantes de produtos de reciclagem.
Níveis anormalmente elevados de substâncias radioativas foram detetados na água do mar perto da central nuclear de Fukushima, anunciou ontem a empresa Tokyo Electric Power (Tepco).
A taxa de iodo 131 e de césio 134 estavam respetivamente 126,7 vezes e 24,8 vezes mais elevadas que as normas fixadas pelo Governo japonês, indicou um responsável da empresa.
A taxa de césio 137 encontrava-se ainda 16,5 vezes mais elevada que o normal, enquanto o cobalto 58 era inferior à norma, indicou o mesmo responsável, ao assegurar que estes níveis de radiação não constituem uma ameaça para a saúde humana.
OMS aconselha proibição de venda de alimentos
A Organização Mundial de Saúde (OMS) aconselhou o Japão a atuar rapidamente e proibir a venda de alimentos nas zonas que circundam a central nuclear de Fukushima, caso se verifique que estes têm níveis de radiação elevados.
De acordo com um porta-voz da OMS, a radiação da comida pode acumular-se no corpo e provocar um risco maior para a saúde do que as partículas radioativas dispersas no ar, que desaparecem ao fim de alguns dias.
Gregory Hartl disse, em declarações à Associated Press, que "é necessário tomar decisões rapidamente no Japão e proibir a venda e o uso de alimentos em zonas onde pensem que estes possam ser afetados".
A OMS não tem especialistas em radiação no Japão e refere que qualquer decisão política terá que ser tomada pelo Governo japonês.
Balanço das vítimas sobe para 9 mil mortos
O número de mortos em consequência do sismo e do tsunami de dia 11 no Japão aumentou hoje para 9.079 enquanto 12.645 pessoas estão dadas como desaparecidas, noticiou a agência EFE citando o último balanço da polícia.
Onze dias depois do sismo de magnitude 9 que devastou a costa nordeste do Japão, o pior desastre natural desde a II Grande Guerra, receia-se que o número de vítimas venha ainda a aumentar.
Dos mortos, 4.080 foram identificados e 2.990 entregues às respetivas famílias.
Cerca de 320.000 pessoas foram obrigadas a abandonar as casas em que viviam e estão agora nos 2.100 refúgios em 16 províncias, de acordo com os últimos dados da agência noticiosa japonesa Kyodo.
Entre estes contam-se 200.000 retirados das imediações da central nuclear de Fukushima, onde técnicos e militares lutam dia e noite para baixar a temperatura dos reatores, procurando evitar fugas radioativas.
De acordo com números oficiais, em Miyagi foram registados 5.364 mortos, em Iwate 2.773 e em Fukushima 735, mas os desaparecidos ascendem a vários milhares nestas três províncias, as mais atingidas pelo sismo e sequente tsunami.
Mais de 600 réplicas sacudiram o Japão depois do sismo do passado dia 11, que embora não tenham causado destruição geraram nervosismo entre a população.
Lusa
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