Japão: Explosão no reactor 2 da central nuclear japonesa de Fukushima com fuga radioactiva
A agência de energia nuclear japonesa confirmou hoje uma explosão numa das unidades da central nuclear de Fukushima Dai-ichi. A explosão ocorreu às 6h10 (hora local), 21h10 em Lisboa. Os níveis de radioactividade subiram para valores quatro vezes superiores aos registados anteriormente.
O Executivo nipónico especificou que a explosão afetou a piscina de condensação do muro que impede fugas de radiatividade em caso de acidente.
Esta é a primeira vez que é referido um estrago no depósito de confinamento de um reactor da central de Fukushima 1, atingida por uma série de problemas na sequência do sismo e maremoto que devastaram o nordeste japonês.
Dois outros reatores desta central foram afetados por uma explosão, no sábado e segunda-feira.
Nos dois casos, a deflagração, devido ao hidrogénio, afetou ou destruiu a construção externa do reator, mas sem atingir o coração da instalação, segundo o Governo.
A central nuclear Fukushima 1 é agora o ponto nevrálgico das preocupações nipónicas, mais uma desgraça a somar à outras que se abateram sobre o território, profundamente afectado pelo sismo seguido de tsunami que revolveu parte importante do país que se dizia preparado para catástrofes.
A frágil estabilidade do complexo nuclear localizado 250 quilómetros a norte de Tóquio inspira cuidados de maior face à ameaça real e potencialmente letal de fuga radioactiva.
Os reactores 1 e 3 da central foram palco de várias explosões que causaram 6 feridos. Desta feita, foi no reactor número 2 que se deu a nova explosão.
O medo maior é o mal que se não vê: 200 mil japoneses que viviam nas imediações da central foram transferidos para uma zona de segurança especialmente criada para acolher os desafortunados.
Estima-se que cerca de 160 mil pessoas tenham estado expostas à radioactividade. O perigo é de tal forma iminente que todos os transferidos foram aconselhados a não circular no perímetro de 20 quilómetros que se espera seja de segurança. Comida e assistência médica foram providenciados pelas autoridades, mas tais cuidados não impedem outros que a população gostaria de ter visto mais cedo.
A Tokyo Electric Power Company, que administra a central de Fukushima, vai dizendo que, por enquanto, não há razão para alarme. O "por enquanto" é o que não traz descanso à população.
Os dois reactores têm sido alvo de esforçadas e meticulosas intervenções que procuram arrefecer, com o auxílio da água do mar, as elevadas temperaturas que atingiram os reactores.
Dizem os técnicos que os núcleos continuam intactos mas ninguém se atreve a dizer se assim vão continuar. As explosões foram classificadas pela Agência de Segurança Nuclear e Industrial do Japão como acidente nuclear de nível 4 - numa escala que vai até 7.
O que aconteceu foi que o forte abalo telúrico avariou o sistema de refrigeração na central aumentando drasticamente a pressão interna no reactor.
As equipas técnicas tentaram aliviar a pressão libertando progressivamente vapor radioactivo. As medidas foram incapazes de impedir as explosões que destruíram o tecto dos dois reactores. Medições feitas por peritos revelaram que o nível de radiação no local era 8 vezes superior ao normal.
O maior perigo que as autoridades agora enfrentam é o da possibilidade de haver uma fusão entre os dois reactores, complicando exponencialmente as tentativas de arrefecimento e aumentando por isso a possibilidade de mais explosões, desta feita afectando os núcleos radioavtivos.
Outro problema entretanto detectado é a exposição das barras de combustível, desta feita no reactor número 2. Caso estas barras se derretam aumenta o perigo de fuga de radiação e consequente contaminação do ar e de todos os que o respirem. Este conjunto de factores faz deste acidente o mais grave desde a tragédia de Chernobyl que, 30 anos passados, ainda influencia população e meio ambiente na área então afectada.
O Japão tem cerca de 50 centrais nucleares espalhadas pela costa garantindo 30 por cento das necessidades energéticas do país com mais de 127 milhões de habitantes.
A comunidade internacional multiplica-se em comentários que pedem maior vigilância e a necessidade de repensar a segurança das centrais nucleares.
A própria chanceler alemã já fez saber que é preciso retomar e renovar o debate sobre esta matéria; de tal modo que anunciou a suspensão por três meses a decisão de prolongar a vida das centrais nucleares existentes no país.
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