A canção “A luta é alegria”, com letra de Jel e música de Vasco Duarte, venceu no sábado a 47.ª edição do Festival RTP da Canção e vai ao Festival da Eurovisão 2011, em Dusseldorf, na Alemanha, em maio.
A escolha da canção – que ficou em sexto lugar na votação do júri, mas foi eleita após a votação do público – não é alheia ao momento que se vive no país, considera Jel, um dos Homens da Luta, em declarações à Lusa.
“Está tudo a acontecer”, realça, antecipando a manifestação do movimento Geração à Rasca, no próximo sábado.
“O que a história nos ensina é que é na rua que o povo avança. O povo, quando quis melhorar, em toda a história do mudou, sempre foi na rua, a fazer barulho, que conseguiu. E esta é uma altura para o povo vir novamente para a rua. E nós vamos estar lá a dar música”, garante.
Jel reconhece alguma surpresa face à vitória no Festival RTP da Canção: “Ficámos surpreendidos sobretudo com a votação do júri, porque já estávamos a contar que na votação do público estivéssemos fortes.”
Confirmando os “bastantes” apupos quando o resultado foi anunciado, no Teatro Camões, em Lisboa, Jel recordou: “Aconteceu com o Ary dos Santos nos anos 70, aconteceu com o Fernando Tordo, aconteceu várias vezes. Isto quer dizer que houve paixão. As pessoas que ali estavam no teatro eram as claques e as famílias dos outros concorrentes e ficaram um bocado desagradas, mas é a democracia, não se pode agradar a todos.”
Contactada pela agência Lusa, a RTP, através da relações públicas Ana Gaivotas, disse não ter recebido “qualquer queixa” e que esta “agitação” em torno do vencedor do Festival da Canção é “normal” e um “sinal da vitalidade do programa”.
O certo é que a vitória dos Homens da Luta no Festival da Canção deu origem, na Internet, a petições contra e contra as que são contra.
Há já três petições online contra a escolha: a “Petição contra Homens da Luta na Eurovisão”, com 340 fãs no Facebook, “Suspensão imediata da canção vencedora Homens da Luta”, assinada por 92 pessoas, e “Petição por um Portugal digno em Dusseldorf”, com 67 signatários.
A primeira garante que não é “contra os Homens da Luta, nem a sua vitória justa no Festival da RTP”, mas recusa a sua propagação “além-fronteiras”, contrapondo: “Estes movimentos da ‘reação’, ‘anti-sistema’, ‘anti-partidos’, ‘anti-tudo’ estão na moda, são bem organizados, mas não têm soluções credíveis para o país. (…) Acenam com o fantasma do fascismo, mas têm como alternativa a anarquia ou uma ditadura comunista.”
Já a segunda considera a vitória dos Homens da Luta “um insulto” à “integridade e credibilidade nacionais” e reclama a “suspensão imediata da taxa de televisão”, para deixar de se “sustentar uma RTP que paga salários milionários e produz conteúdos sofríveis como este”.
Em reação a estas, surgiu outra, no Facebook – a “Petição Contra a petição contra os Homens da Luta na Eurovisão”, que já vai em quase cinco mil seguidores.
@Lusa
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