Imortalizada em filmes como «Cleópatra» e «Gata em Telhado de Zinco Quente», Elizabeth Taylor, uma das mais lendárias actrizes da história do cinema, faleceu hoje de madrugada, de insuficiência cardíaca.
«A minha mãe era uma mulher extraordinária que viveu a vida ao máximo, com grande paixão, humor e amor», disse Michael Wilding, filho de Elizabeth Taylor, no comunicado em que anunciou o falecimento da actriz, hoje de madrugada no Cedars-Sinai Medical Center, em Los Angeles. A actriz padecia de insuficiência cardíaca desde 2004 e morreu aos 79 anos, tendo ao seu lado os quatro filhos, Michael Wilding, Christopher Wilding, Liza Todd e Maria Burton.
Elizabeth Taylor foi uma das mais lendárias actrizes da história do cinema, tão célebre pela sua turbulenta vida pessoal (que incluiu oito casamentos) como pela sua imensa beleza e pelo seu enorme talento de actriz, que lhe valeu o Óscar pelos filmes «O Número do Amor» e «Quem Tem Medo de Virginia Woolf?».
A actriz nasceu em 1932 em Londres, filha de americanos residentes em Inglaterra, e logo aos três anos começou a ter aulas de ballet. Em 1939, a família regressou aos EUA e logo aos nove anos a actriz participou no seu primeiro filme, «There's One Born Every Minute», em 1942.
O primeiro filme em que deu verdadeiramente nas vistas, «Lassie Regressa a Casa», surgiu logo em 1943, ao lado de Roddy McDowall, e em 1944, aos 12 anos, tornou-se uma das maiores estrelas juvenis de Hollywood com o enorme sucesso que foi «A Nobreza Corre nas Veias», um drama sobre uma menina que treina um cavalo de corrida, que protagonizava ao lado de Mickey Rooney.
Os papéis adolescentes de sucesso prosseguiram em filmes como «A Coragem de Lassie» (1946) ou«Mulherzinhas» (1949), com a actriz a receber os maiores elogios por parte da industria e a receber a alcunha de «One-Shot-Liz», pela sua capacidade de fazer as cenas saírem bem ao primeiro «take».
Apesar de ter apenas 16 anos, o seu primeiro papel adulto surgiu em 1949, ao interpretar uma mulher de 21 anos que casa sem saber com um agente da KGB, no thriller britânico «Conspirator». O filme foi um «flop» mas Taylor teve um sucesso logo a seguir em «O Pai da Noiva», ao 1950, seguido no ano seguinte pela sequela «O Pai é Avô».
A imagem de bomba sexual que se lhe colou à pele surgiu em 1951 graças ao papel da bela socialite de «Um Lugar ao Sol», de George Stevens, ao lado de Montgomery Clift, que foi um estrondoso sucesso de bilheteira e confirmou aos olhos de todos as suas enormes capacidades dramáticas.
Nos anos seguintes, sucederam-se papéis românticos, que Taylor ia fazendo um pouco a contragosto, em filmes como «Ivanhoe» (1952), «Beau Brummel»(1954) e «A Ultima Vez que Vi Paris» (1954). O sucesso de bilheteira e o seu profissionalismo indesmentível levaram a que Taylor fosse começando a ter um controlo maior sobre os filmes que fazia.
Os frutos começaram a surgir logo em 1956, com papéis mais exigentes e muitíssimo elogiados em filmes como «O Gigante», ao lado de Rock Hudson e James Dean, «A Árvore da Vida» (1957), de Edward Dmytryk, «Gata em Telhado de Zinco Quente»(1958), de Richard Brooks, e «Bruscamente no Verão Passado»(1959), de Joseph L. Mankiewicz. Os três últimos valeram-lhe, em anos sucessivos, a nomeação ao Óscar de Melhor Actriz, tornando-o uma das intérpretes mais prestigiadas da época.
Em 1961, conquistou finalmente o primeiro Óscar de Melhor Actriz pelo papel de prostituta em «O Número do Amor». Nesse filme contracenou com o seu quarto marido, Eddie Fisher, uma relação que lhe valeu a imagem de predadora de homens que para sempre se lhe colou, já que Fisher era casado com Debbie Reynolds quando a relação de ambos começou. Por essa altura, já tivera dois casamentos falhados (com Conrad «Nicky» Hilton e Michael Wilding) e enviuvara do produtor Michael Todd.
A primeira metade dos anos 60 é marcada pela produção aparentemente interminável do gigantesco «Cleópatra», pelo qual recebeu um milhão de dólares, o valor até então mais elevado alguma vez pago a um actor. Durante a rodagem, envolveu-se com o actor Richard Burton, num romance que encheu páginas de jornais de todo o planeta, principalmente pelo facto de ambos estarem ainda casados.
Em 1966, a sua carreira atingiu o pico com «Quem Tem Medo de Virginia Woolf?», pelo qual recebeu o segundo Óscar de Melhor Actriz. Foi o segundo dos oito filmes que faria com Burton até ao fim da década, incluindo «Hotel Internacional» (1963), «Adeus Ilusões» (1965) e «A Fera Amansada» (1967).
Porém, apesar de filmes mais emblemáticos, como «Reflexos num olho Dourado» (1967), de John Huston, no final da década, o poder Elizabeth Taylor nas bilheteiras estava a desvanecer-se e os «flops» tornaram-se cada vez mais frequentes. Apesar de ter trabalhado bastante na década de 70, em fitas como «X,Y e Z» ou «A Noite dos Mil Olhos» poucos foram os filmes que fez então que ficaram na memória o que resultou que, a partir dos anos 80, as suas participações no cinema e na televisão se tornassem mais espaçadas.
A década ainda começou bem, com o «thriller» «Espelho Quebrado» (1980), seguindo depois para alguns papéis importantes em telefilmes como «Malice in Wonderland» e «Entre Amigas». Mas rapidamente Elizabeth Taylor passou a dedicar a maioria do seu tempo a causas de beneficência, surgindo esporadicamente em papéis de luxo em séries televisivas de prestígio como «Norte e Sul» ou «General Hospital». A última vez que surgiu no cinema foi como sogra de Fred Flintstone em «Os Flintstones» (1994).
A partir de finais dos anos 80, Taylor foi muito activa no combate à SIDA, e as suas contribuições para causas de caridade valeram-lhe um Óscar Especial em 1992.
Luís Salvado
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