quinta-feira, 10 de março de 2011

Protesto: "Onde posso comprar uma camisola da Geração à Rasca? Ou ainda não há"


A cada minuto que passa há mais uma pessoa que diz "eu vou participar" na manifestação de sábado. No Facebook, discutem-se políticas e cravam-se boleias para poupar. Mas, mesmo em tempos de crise, há quem queira saber apenas "onde comprar uma camisola da Geração à Rasca".


A menos de dois dias da manifestação, quase 54 mil pessoas já anunciaram que vão participar no evento que este sábado vai juntar "desempregados" e "escravos disfarçados", "mães" e "filhos" de Portugal. Em apenas dez minutos, a Lusa viu o número de participantes passar de 53.496 para 53.568. Ou seja, mais de um por minuto. A um ritmo ainda mais acelerado surgem comentários e sugestões de uma "geração" insatisfeita, em que a idade não é impeditiva. Na página do Facebook, criticam-se políticos e políticas. Nas últimas 24 horas, o foco virou-se para o discurso do Presidente da República. Se muitos aplaudem as declarações feitas na tomada de posse, há quem questione as "reais intenções" de Cavaco Silva. E eis que, no meio da discussão, surgem os "efeitos colaterais": "Estava para ir e agora não vou!", diz alguém que se auto-intitula como "Um tipo totalmente desconhecido".

Mas a maioria dos que comenta está longe de desmoralizar: "De submarino ou antimotim lá estarei", garante a "Não Desempregada à Rasca". A organização - a cabo de quatro jovens - pediu que cada manifestante levasse escrito numa folha A4 a razão pela qual participa no evento, mas no Facebook surgem outras "sugestões". "Não levem drogas ou então fumem as ganzas refundidos" é um dos conselhos "práticos" que se pode ler de alguém que teme que se diga "que a Manif foi um punhado de ganzados". Depois há os preocupados com a segurança, que aconselham os "amigos" a estarem atentos às saídas de emergência e a terem o cuidado de "gravar" imagens para servir de "prova". Há quem apenas coloque músicas de intervenção, com Zeca Afonso a cantar ao lado de Jel (o vencedor do Festival da Canção) e quem prefira pôr professores e economistas de renome internacional a explicar como se chegou à atual situação.

Na página de Facebook, também há quem diga que não pode ir porque está desempregado e não tem dinheiro para a viagem, apesar de esta ser precisamente uma manifestação para precários, recibos verdes e... desempregados. Mas também há quem esteja a cem quilómetros de Lisboa à procura de encontrar no Facebook "uma boleia para a capital". Entre os poucos que fazem questão de criticar a iniciativa e garantir que estarão "longe", há quem diga que "só de lá sai quando se descobrir uma solução para o País". A iniciativa Manifestação Geração à Rasca partiu de uma conversa entre quatro amigos - João Labrincha, Paula Gil, Alexandre de Sousa Carvalho e António Frazão - que se lembraram de criar uma página na rede social Facebook a apelar para um protesto. O protesto, que se afirma "apartidário, laico e pacífico", reclama o direito ao emprego e à educação, a melhoria das condições de trabalho e o fim da precariedade, pelo "reconhecimento das qualificações, competência e experiência, espelhado em contratos e salários dignos". E eis que, em tempos de crise, surge alguém à procura de algo diferente: "Onde posso comprar uma camisola da Geração à Rasca? Ou ainda não há?".

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