A produção e abuso de medicamentos opiáceos e novas drogas sintéticas continua em escalada, representando uma fatia cada vez maior do mercado global de narcóticos, segundo o gabinete da ONU para as Drogas e Criminalidade (UNODC).
A conclusão consta do Relatório Mundial sobre as Drogas 2011, hoje apresentado em Nova Iorque com a presença do secretário geral da organização, Ban Ki-moon.
"Ao passo que os mercados globais para a cocaína, heroína e cannabis diminuíram ou permaneceram estáveis, a produção e abuso de medicamentos opiáceos prescritos e novas drogas sintéticas subiu", sublinha o relatório.
O UNODC divide o mercado de narcóticos em quatro grupos: cannabis, ópio e heroína, coca e cocaína, e estimulantes sintéticos tipo anfetaminas.
Cerca de 210 milhões de pessoas em todo o mundo, 4,8 por cento da população entre 15 e 64 anos de idade, consumiu drogas no ano passado.
Estes dados da UNODC apontam para uma "estabilização" quer do consumo esporádico quer do consumo abusivo.
"Contudo, disparou a procura de substâncias fora do controlo internacional", refere o relatório.
Este é o caso da piperazina e catinona, mas também de canabinóides sintéticos, com efeitos semelhantes ao cannabis, também conhecidos por "especiarias".
"Os ganhos a que assistimos nos mercados de drogas tradicionais estão a ser anulados por uma moda de `drogas designer sintéticas imitando substâncias ilegais", afirma o diretor executivo da agência, o Yuri Fedotov.
Muitas substâncias não reguladas são comercializadas como narcóticos legais e substitutos para estimulantes ilícitos como a cocaína ou ecstasy.
Considerada uma substância altamente viciante, a metanfetamina está a "varrer" o leste da Ásia e tem vindo a ganhar espaço também na América do Norte, sublinha o relatório.
Em grande parte devido às metanfetaminas, no ano de 2009 registou-se mesmo um recorde na apreensão de drogas sintéticas.
África e especialmente o Sudeste asiático estão "sob o radar" quanto à produção deste tipo de drogas sintéticas.
"A comunidade internacional parece ter tirado `os olhos da bola no controlo de drogas no Sudeste asiático. Temos de estar proativos em todas as frentes antes que a região se torne novamente numa grande plataforma de drogas", adianta Fedotov.
Os dados do relatório apontam também para uma queda acentuada na produção de ópio, devido a uma praga no Afeganistão, e uma mais modesta descida no cultivo de coca, que não impediram que a produção de heroína e cocaína fosse "significativa".
Enquanto o mercado de cocaína norte-americano registou uma quebra "enorme" nos últimos anos, na última década o consumo deste estimulante duplicou na Europa, e os dois mercados movimentam agora quantias semelhantes, acima de 30 mil milhões de dólares.
De acordo com o UNODC, o consumo de drogas causa perto de 200 mil mortos todos os anos.
Fonte: Sic Notícias/Lusa
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