Pouco mais de três minutos foi o que demorou o encontro do manequim acusado de assassinar o cronista social com o juiz Charles Solomon. "Not guilty", disse Renato, sem esconder o desalento.
Cabisbaixo, de semblante carregado, pálido, ligeiramente mais magro e sem nunca enfrentar olhos nos olhos o juiz Charles Solomon. Foi assim que, com a ajuda de um tradutor, Renato Seabra, 21 anos, se declarou inocente da acusação de homicídio de segundo grau do cronista social Carlos Castro, de 65 anos.
Numa audiência que demorou pouco mais que uns escassos três minutos e perante a presença da delegada do Ministério Público Maxine Rosenthal, bem como do seu advogado David Touger, Renato Seabra apareceu vestido de fato de treino e blusão cor de laranja dos serviços prisionais. O modelo ouviu algemado, com olhar distante, a acusação, respondendo em perfeito inglês "not guilty [não culpado em tradução literal]" quando o juiz lhe fez a pergunta, já depois de ter olhado nos olhos o seu representante legal, o norte-americano David Touger.
Foi debaixo de enorme expectativa e perante a presença de muitos meios de comunicação social portugueses e norte-americanos - jornalistas tiveram acesso em número ilimitado, mas só sete fotógrafos puderam entrar e o vídeo não foi permitido - que o acusado entrou no quarto 1313 do terceiro piso do Tribunal Criminal de Nova Iorque, localizado no número 60 da Centre Street, regressando de seguida ao Hospital Bellevue, onde se encontra desde 8 de Janeiro, primeiro sob custódia policial e depois detido, e ali deverá ficar até à próxima audiência no tribunal.
A primeira audiência de julgamento ficou marcada para o próximo dia 4 de Março, uma sexta- -feira, no Tribunal Criminal de Nova Iorque, depois de ambas as partes chegarem a acordo sobre a data.
De acordo com documentos apresentados ontem naquele tribunal, Renato Seabra viajou para a Grande Maçã na companhia da vítima Carlos Castro no dia 29 de Dezembro do ano passado. Ambos ficaram hospedados no Hotel Intercontinental na Rua 44 West.
Já este ano, no dia 7 de Janeiro, um empregado de hotel descobriu a vítima no quarto 3416, completamente despido e com visíveis lesões físicas que lhe provocaram a morte.
Segundo a acusação, o pessoal de emergência médica pronunciou Carlos Castro como morto às 19.18 e, de acordo com o director do serviço de saúde da cidade, as causas da morte do jornalista foram lesões no pescoço e na cabeça, que resultaram em homicídio, apresentando ainda lesões graves na cara e na parte genital feitas por um saca-rolhas.
Caso se tivesse declarado culpado, o ex-concorrente do programa À Procura de Um Sonho, que passou na SIC, não chegaria a ir sequer a julgamento.
Nos Estados Unidos, o homicídio em segundo grau, de que é acusado Renato Seabra, tem uma pena prevista que vai dos 25 anos a prisão perpétua, permitindo o pedido de liberdade condicional ao fim dos 25 anos.
Segundo o advogado de defesa David Touger, Renato Seabra terá uma "defesa vigorosa e justa no dia 4 de Março", altura em que tentará "deitar por terra as provas acusatórias que possam existir contra o Renato". "Esperamos vir a ter sucesso no final", acrescentou na ocasião, escusando-se a responder se vai pedir a anulação da confissão do jovem e que moções irá apresentar em tribunal.
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