quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Setúbal: Prédio escondia armamento de 1974


Três sacos, datados de 1974, contendo 300 munições para a espingarda-metralhadora G3, de calibre 7,62 mm, e dez granadas foram recolhidos ontem à tarde por uma equipa de Inactivação de Engenhos Explosivos e Segurança em Subsolo da PSP.
As munições estavam escondidas no forro do telhado das antigas instalações do Círculo Cultural de Setúbal, uma colectividade que esteve ligada à luta antifascista.
A descoberta foi feita por operários da construção civil que procediam a obras de requalificação do prédio, que foi comprado pela Câmara Municipal de Setúbal e onde vai funcionar a a Casa da Cultura da cidade. Segundo o CM apurou junto de fonte policial, o material está em "estado razoável de conservação". A Polícia Judiciária Militar ficou agora encarregue da investigação.
"É uma surpresa muito grande terem sido achadas no edifício munições e granadas", assegura ao CM Francisco Lobo, antigo presidente da Câmara de Setúbal, sócio do Círculo e militante comunista. "No tempo que lá passei nunca me deparei com nenhuma intenção bélica", garante ainda.
O Círculo Cultural de Setúbal foi fundado em 1969 por Dimas Pereira, Tito Lívio e Ana Morgado. "Promovia sessões musicais, cinematográficas, leccionava cursos nocturnos para trabalhadores e juntava muitas pessoas contra a ditadura", explica Francisco Lobo, referindo que a PIDE tinha sempre a colectividade vigiada. "Na altura o Dimas era o presidente, mas ele não era homem para ter esse tipo de material nem para deixar ninguém lá guardá-lo", defende.
As primeiras instalações funcionaram no Clube de Campismo, passando depois para a avenida 5 de Outubro. Em 1975, a colectividade ocupou um edifício próximo da praça do Bocage. Foi neste edifício que as munições e as granadas foram encontradas. 

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