Na última década, os funcionários públicos tiveram uma quebra no poder de compra de 17,14 pontos percentuais. Quem ganha 1600 euros brutos perde 274 euros. E por cada mil euros a mais que se receba acima deste valor o corte é de 170 euros, resultado dos congelamentos e cortes salariais somados à inflação.
Segundo as contas do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE), "deveremos assistir a uma quebra acumulada do poder de compra de 17,14 pontos percentuais para aqueles que tiveram um congelamento salarial nos anos de 2003/2004 e a um corte médio de 5% em 2011".
Para quem receba dois mil euros brutos, como muitos professores, médicos, enfermeiros e magistrados, a perda de poder de compra totaliza 342 euros por cada mês de salário. Num ano são quase menos cinco mil euros de poder de compra em termos acumulados.
Como mostra o gráfico, os funcionários públicos, tal como a maioria dos portugueses, têm vindo a perder poder de compra desde 2000 por causa de aumentos salariais abaixo da inflação, congelamentos e agora cortes salariais. Só em 2011 a estimativa de quebra de poder de compra real é de 8,6 pontos percentuais.
O rendimento disponível das famílias ligadas ao sector público caiu não só pelos cortes salariais como pela taxa de inflação de 3,6%, acréscimo do IVA de 21 para 23%, a electricidade cujo preço cresceu 3,8% e os transportes públicos que dispararam 3,5%.
"NÃO PODEMOS SER OS BOMBOS DA FESTA"
Para Bettencourt Picanço, presidente do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado, as medidas de cortes salariais "são as mais fáceis mas também afectam a economia, reduzindo o consumo".
O dirigente sindical defende que para se reduzir a despesa do Estado deve-se "combater de forma eficaz a economia informal, recuperar impostos não cobrados e olhar para as parcerias público-privadas". Para Bettencourt Picanço, os funcionários públicos "não podem ser os bombos da festa".
Fonte: Correio da Manhã
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