O vice-director do Instituto de Problemas Médico-Biológicos da Rússia, Valeri Bogomolov, considera que as mulheres exercem influência positiva nos astronautas homens, mas não aconselha a sua participação em viagens a Marte.
"A mulher no espaço disciplina a tripulação. No sentido em que a tripulação trata de si, preocupa-se com o seu aspecto externo, etc. Quando há uma mulher na tripulação, isso é um factor positivo", declarou numa entrevista à agência Interfax. Porém, Bogomolov, que dirige o instituto russo que estuda o comportamento das tripulações no espaço, não tem a certeza de que seja recomendável incluir mulheres nas tripulações que irão viajar para Marte. "Há questões a que não posso responder e essa é uma delas. Penso que ninguém sabe a resposta", considerou ele.
Segundo este perito, as viagens a Marte implicam, além de um grande período de permanência nas condições duras do espaço, "sérias cargas físicas, psíquicas e emocionais". "Desse ponto de vista, é preferível enviar uma tripulação puramente masculina", sublinhou. Foi esta razão que levou o Instituto de Problemas Médico-Biológicos da Rússia a escolher apenas homens para a experiência de uma imitação do voo a Marte, que decorre actualmente em Moscovo. O cientista russo revela que essa decisão se deve também ao fato de terem ocorrido problemas na Estação Espacial Internacional, que se encontra actualmente em órbita.
"Nas conversas particulares connosco, os cosmonautas assinalam que não foi fácil voar com uma certa mulher. Ela não se comporta como é devido, tenta comandar, não se submete ao gráfico geral, sublinha constantemente a sua igualdade mesmo com o comandante da estação", exemplifica. Mas sublinha: "Isso é raro, mas aconteceu. Não há casos desses na cosmonáutica russa". "Frequentemente, uma atitude atenciosa para com a mulher pode ser por ela entendida como uma ofensa, uma humilhação da dignidade ou mesmo assédio sexual. A igualdade de sexos na actividade profissional é um fetiche para os americanos. Na Rússia e nos Estados Unidos há mentalidades e tradições diferentes quanto às relações entre sexos, o que se reflete em diferentes abordagens deste problema e na prática da medicina espacial", precisa o cientista. A União Soviética enviou para o espaço duas mulheres: Valentina Terechkova e Svetlana Savitskaia e a Rússia tem apenas uma mulher cosmonauta: Elena Serova.
Fonte: DN.PT / Lusa
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