Número de falências disparou 14% no ano passado em Portugal. A S&P acrescenta que cenário vai piorar na Europa.
No ano passado faliram, em média, mais de dez empresas por dia em Portugal, divulgou ontem a seguradora Crédito y Caución. E as perspectivas para este ano são ainda mais negras: no mesmo dia, a Standard & Poor's (S&P) publicou um relatório onde dá conta de um risco mais elevado de falências em toda a Europa.
Ao longo do ano passado houve 4.731 empresas a declarar insolvência judicial, mais 14% do que o valor registado em 2010. O aumento, explica a Crédito y Caución, esteve sobretudo relacionado com a forte queda do consumo privado. "A situação revelou-se mais grave nas empresas comerciais, já que as empresas industriais, orientadas em grande medida para a exportação, mostraram uma maior resistência à actual crise económica", explica Paulo Morais, director da seguradora para Portugal e o Brasil.
Os dados mostram que o maior número de falências foi registado nos serviços, seguidos pela construção e pelo segmento do têxtil (ver tabela). Já a siderurgia e o segmento dos brinquedos registaram menos casos. Ao longo do ano, o quarto trimestre foi o mais difícil para os empresários: entre Outubro e Dezembro 1.301 empresas declararam insolvência.
Para 2012, as expectativas são negras. No mesmo dia em que os dados de insolvências em Portugal foram conhecidos, a agência de ‘rating' S&P publicou um estudo onde explica por que razão as previsões de falências de empresas na Europa são mais elevadas este ano. "Primeiro, porque as perspectivas de actividade na Europa sofreram um revés para o pior, com a expectativa de pelo menos uma recessão modesta na primeira metade do ano", explica o documento. "Segundo, porque a normalização gradual dos mercados de crédito e de dívida que se vinha a verificar desde o Verão de 2009 foi interrompida abruptamente em meados do ano passado, depois de um novo aperto do financiamento bancário", continua o documento. E por fim, porque "a maturidade dos empréstimos se está a aproximar e os bancos sentem cada vez mais pressão para melhorar a qualidade dos seus activos", remata.
Na quarta-feira, a agência de ‘rating' Moody's também já tinha estimado um aumento das falências em Portugal, Espanha, Itália e Grécia, de acordo com um relatório citado pelo jornal espanhol Expansión. Tendo em conta o cenário de contracção económica, será de esperar um impacto mais forte nas pequenas e médias empresas destes países, adiantou a agência.
Ainda assim, os empresários nacionais procuram manter o optimismo. António Sousa, administrador da Americana, uma empresa que opera no segmento de papelaria, livraria e outros equipamentos, reconhece que este ano "será difícil", mas está confiante de que "não será trágico" para o seu negócio. "Todas as notícias tornam mais complicado o consumo, vai calhar menos negócio a todos", antecipa. Além do corte nas compras, "os bancos não estão a emprestar dinheiro; tem diminuído o crédito", explica, acrescentando que a empresa "teve de fazer seguros de crédito" para os clientes com quem trabalha neste regime, o que "aperta as margens de lucro".
Já para José Pedro Salema, administrador da Agrogestão - uma empresa que gere e produz software para o ramo agrícola, e presta consultoria - o negócio está garantido pelo menos até 2013. "Estamos mais dependentes dos ciclos de apoios comunitários do que da economia real", explica. É que a Agrogestão encontra soluções para empresas agrícolas, mas é paga por fundos europeus, pelo que tem receita garantida até terminar o actual programa do QREN, 2007-2013.
Fonte: Económico
Fonte: Económico
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