Os representantes da Confederação Nacional e Independente de Pais e Encarregados de Educação (CNIPE) estão «preocupados» com a alteração ao Código de Trabalho que prevê um novo regime de banco de horas. O regime admite um aumento máximo de 150 horas anuais, o que significa que, mediante acordo com o trabalhador, poderá ser possível trabalhar 25 dos 52 sábados do ano.
«O que vai acontecer é que muitos filhos vão ficar sozinhos em casa, porque o mercado vai tentar dar resposta às mudanças, mas neste momento o país não está preparado, não tem estruturas para deixar os alunos», alertou Rui Martins, secretário da CNIPE.
O representante da CNIPE lembrou à Lusa que esta mudança implica ter os estabelecimentos a funcionar ao fim-de-semana, mas também ter transportes para as crianças: «Há muito tempo que deixou de haver escola ao sábado e, depois, também não há transportes. É preciso não esquecer que há muitas escolas que são distantes de casa dos alunos, que estão a muitos quilómetros de distância», lembrou Rui Martins.
A Lusa contactou o presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS), Lino Maia, que explicou que será preciso analisar «caso a caso», apesar de reconhecer que é capaz de «ser difícil» dar as respostas necessárias porque, neste momento, «as instituições já estão no limite e não podem fazer muito mais».
Apesar de já existirem creches e estabelecimentos de pré-escolar abertos sete dias por semana, Lino Maia diz que a maioria está encerrada ao fim-de-semana.
Nos lares, a situação não será problemática, uma vez que estão sempre a funcionar, mas no caso dos Centros de Dia e de Convívio «poderá haver problemas»: «Para funcionar ao sábado, vai ser preciso acertar horários e ver a situação dos trabalhadores, mas será um bocado complicado», disse o presidente da CNIS.
«As condições são onerosas e não sei se haverá muita capacidade para fazer mais do que já se está a fazer», admitiu Lino Maia, sublinhando que alargar o horário significaria aumentar a factura apresentada às famílias: «A abertura (ao sábado) implicaria mais custos para as famílias».
Já o director da Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo (AEEP), Rodrigo Queiroz e Melo, garantiu à Lusa que «as escolas do ensino particular estão sempre disponíveis a recolher os alunos e responder às necessidades dos país».
O presidente da Associação Nacional das Famílias Numerosas, Fernando Ribeiro e Castro, lamenta a «situação de emergência» a que o país chegou e, por isso, entende que as pessoas têm «de trabalhar mais» e que «a sociedade terá de se organizar nesse sentido. Terá de haver oferta das creches para cobrir essas necessidades das famílias».
«As famílias já estão a pagar mais electricidade, mais transportes, mais de tudo e tem de se encontrar um equilíbrio. Temos de pagar mais agora e vamos ver até onde é que vamos conseguir aguentar», disse Fernando Ribeiro e Castro.
Para o padre Lino Maia, a situação é «preocupante». O responsável lamenta não ver a família «mais protegida»: «A família são as pessoas que se encontram por afectos, por sonhos, por realizações. Se não há este espaço, este tempo, as pessoas começam a andar à deriva, sem projecto e sem afecto, desencontram-se», alertou, sublinhando que gostava que «pelo menos o fim-de-semana fosse o tempo da família».
Fonte: Lusa/SOL
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