A Confederação de Associação de Pais estranha que os preços das refeições das escolas sejam cada vez mais baixos e pede aos pais para que estejam atentos ao que é colocado nos pratos dos filhos.
«Nós hoje temos preços de refeição mais baratos do que existiam há quatro anos», revela à Lusa o presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap), Albino Almeida, contrabalançando esta realidade com o aumento do custo de vida.
Para Albino Almeida, a descida de preços está relacionada com o desejo das empresas em conseguir ganhar os concursos. «Só isso é motivo suficiente para estarmos atentos à qualidade e à qualidade dos alimentos», defende.
À Confap chegam várias vezes histórias de escolas onde a comida não agrada aos pais por ser de má qualidade ou parecer «manifestamente insuficiente».
Sem identificar os estabelecimentos de ensino, Albino Almeida exemplificou com um caso em que foi servida uma sopa aos alunos «sem qualidade» e outro em que «as doses da carne eram manifestamente insuficientes». O responsável diz que ainda hoje guarda as fotografias tiradas às refeições colocadas nos pratos dos alunos.
Contactado pela agência Lusa, o vice-presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses, António José Ganhão, garante que a qualidade das refeições tem vindo a melhorar nos últimos anos e que as denúncias das associações de pais se referem a casos pontuais, que as escolas tentam resolver no momento.
O presidente da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas, Adalmiro Fonseca, acredita que a descida de preços é conseguida com cortes no pessoal contratado, mas «nunca com cortes na comida».
Apesar de minimizar as críticas das associações de pais, Adalmiro Fonseca alerta para o facto de um número inferior de empregados na cantina poder corresponder a refeições menos saborosas: «Já me queixei disso na minha escola. Cortaram nos funcionários e o serviço obviamente ficou pior, porque a comida não era servida com a rapidez necessária e esfriava».
Já Manuel Esperança, do Conselho das Escolas, defende que a qualidade das refeições «depende» das empresas fornecedoras e que a garantia da qualidade é uma responsabilidade das direcções regionais e das escolas.
«Se uma escola vir que a comida que está a ser dada aos miúdos não tem qualidade ou que a quantidade não cumpre as normas do caderno de encargos é obrigada a denunciar a situação à direcção regional», lembra Manuel Esperança.
A Lusa questionou o Ministério da Educação e Ciência (MEC) sobre o número de queixas que anualmente chegam às direcções regionais de educação, mas a tutela optou por explicar os procedimentos seguidos: «Todas as queixas que chegam às Direcções Regionais, independente do motivo (qualidade, quantidade, diversidade, higiene, número de trabalhadores adstritos ao serviço) são tratadas com as empresas fornecedoras através de contactos directos, designadamente reuniões».
O MEC garantiu que «as Direcções Regionais de Educação mantêm um contacto permanente com os Agrupamentos/Escolas, intervindo junto das empresas fornecedoras sempre que lhe são relatados problemas de qualquer índole, de forma a ultrapassar as eventuais deficiências detectadas».
Albino Almeida reconhece que, sempre que foram feitas queixas, «a qualidade da comida melhorou substancialmente».
Para a Confap, a forma de contornar eventuais problemas era permitir às associações de pais «total acesso» às cantinas e aos contratos de concessão celebrados com as empresas.
«A vigilância tem um objectivo, que é garantir a qualidade e a quantidade. Os pais têm o direito de conferir que aquilo que o Estado está a pagar é aquilo que chega aos pratos dos nossos filhos», defendeu Albino Almeida.
Fonte: Lusa/SOL
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