A Standard & Poor's reviu em baixa o rating de Portugal, que desceu de BBB- para BB, um nível já considerado 'lixo' ('junk'), como já haviam noticiado durante a tarde vários media internacionais.
Com esta decisão da S&P, Portugal é considerado 'lixo' pelas três maiores agências de 'rating'. No ano passado Portugal já tinha sido avaliado como lixo pela Moody's (a 5 de julho) e pela Fitch (a 24 de novembro).
Para além de Portugal, França e Áustria sofreram um corte de um nível, perdendo o seu estatuto de países com 'rating' máximo de todas as agências.
A França perdeu o seu triplo A e está agora no nível AA+. O País perdeu assim, pela primeira vez, a notação máxima, devido ao risco para o país do alastramento da crise do euro. "Não são boas notícias, preferíamos mantê-lo [rating máximo]. É uma redução de um nível, é o mesmo nível dos Estados Unidos. Não é uma catástrofe", afirmou o governante à televisão France 2. Apesar de anunciada há muito tempo, esta desclassificação da França constitui um duro revés para Nicolas Sarkozy, sobretudo quando faltam menos de cem dias para as eleições presidenciais de França.
Tal como Portugal, Espanha, Itália e Chipre sofrem um corte em dois níveis, enquanto a Eslováquia, Malta e Eslovénia sofrem um corte em um nível.
Ao todo, a Standard & Poor's desceu hoje o 'rating' a 9 países da zona euro.
A agência explica o corte com a opinião de que as decisões tomadas pelos líderes europeus nas últimas semanas "podem ser insuficientes" para responder aos problemas sistémicos na zona euro.
A Standard & Poor's havia colocado Portugal, juntamente com outros 14 países, em revisão para possível corte a 5 de dezembro, dando cinco principais razões para a decisão: deterioração das condições de crédito, prémios de risco mais elevados, desentendimentos entre os líderes da zona euro, elevados níveis de endividamento dos Estados e das famílias, aumento do risco de recessão na região este ano.
O Chipre que hoje também sofre um corte já havia sido colocado em revisão para possível corte anteriormente.
Com este corte, os bancos que tenham nas suas carteiras dívida soberana portuguesa ficam novamente dependentes da agência canadiana DBRS, que mantém ainda a notação financeira de Portugal em BBB (último nível antes de ser considerada 'lixo'), para manter o valor destes títulos em operações de cedência de liquidez do Banco Central Europeu.
Caso a agência canadiana corte mais a nota atribuída à dívida portuguesa, as obrigações portuguesas que são utilizadas como ativos de garantia (colaterais) passam a valer menos como garantia, tendo os seus utilizadores de providenciar mais ativos ou mesmo de cobrir a diferença em dinheiro junto do Banco Central Europeu, que considera a melhor das notas das quatro agências.
No entanto, as exigências de novas garantias ou mesmo de dinheiro para cobrir a desvalorização implícita com um corte de 'rating' - ou outras consequências - depende do que está fixado em cada contrato, devendo existir consequências diretas do corte do 'rating'.
Bélgica, Estónia, Finlândia, Alemanha, Luxemburgo, Irlanda e Holanda não sofrem qualquer corte, enquanto a Grécia já estava em nível considerado 'lixo' e por isso não sofreu novo corte.
Numa reacção à descida de classificação realizada por esta agência de notação financeira, Wolfgang Schauble, ministro das Finanças alemão e braço-direito da chanceler Angela Merkel nas negociações do novo pacto orçamental da UE, disse ser preciso "não sobrevalorizar" as agências de rating.
Atualmente, segundo fontes contactadas pela France Press, apenas 13 países no Mundo (9 deles na Europa) estão avaliados com AAA.
Fonte: DN.PT
Imagem: Paulo Castelo
Fonte: DN.PT
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