O economista e vencedor do prémio Nobel, Joseph Stiglitz, afirmou esta sexta-feira que a Europa está numa situação complicada devido às medidas de austeridade que estão a empurrar o continente "para o suicídio".
"Nunca houve um programa de austeridade bem-sucedido num país grande", declarou o economista de 69 anos aos jornalistas, quinta-feira, em Viena, citado hoje pela Bloomberg.
"A abordagem europeia é, sem dúvida, a menos prometedora. Penso que a Europa caminha para o suicídio", salientou. Os governos dos 27 estados-membros da União Europeia estão a aplicar medidas de austeridade que atingem os 450 mil milhões de euros, numa altura em que se vive uma crise da dívida soberana.
A dívida da zona euro disparou, no final do ano passado, para valores recorde desde que foi criada a moeda única, à medida que os governos aumentavam os empréstimos para travar os défices orçamentais e financiar resgates aos países com mais dificuldades.
Se a Grécia fosse o único país europeu a aplicar medidas de austeridade, os responsáveis europeus poderiam ignorá-lo, considerou Stiglitz, "mas com o Reino Unido, a França e todos estes países a sofrer a austeridade é como se fosse uma austeridade conjunta e as consequências económicas vão ser duras".
Embora os líderes da zona euro "tenham percebido que a austeridade por si ó não funciona e que é preciso crescimento", não houve acções nesse sentido "e o que acordaram fazer em Dezembro é uma receita para garantir que vai morrer", afirmou, referindo-se ao euro. E acrescentou: "A austeridade combinada como os constrangimentos do euro é uma combinação fatal".
Stigltiz admite uma zona euro de "um ou dois países", constituída pela Alemanha e possivelmente a Holanda e a Finlândia, como "o cenário mais provável se a Europa mantiver a abordagem de austeridade" que levará a altos níveis de desemprego, como o de Espanha que atinge 50 por cento nos jovens desde a crise de 2008, "sem esperança de melhorias nos próximos tempos".
"O que estão a fazer é destruir o capital humano, estão a criar jovens alienados", alertou. Para impulsionar o crescimento os líderes europeus terão de redireccionar as despesas públicas para "utilizar ao máximo" instituições como o Banco Europeu de Investimento e introduzir impostos que melhorem o desempenho económico.
Fonte: Correio da Manhã
Nenhum comentário:
Postar um comentário