Os primeiros disparos foram ouvidos cerca das 20h, momentos após a chegada de dezenas de militares às imediações da residência de Carlos Gomes Júnior, ex-primeiro-ministro e candidato do PAIGC vencedor da primeira volta das presidenciais guineenses.
O governante terá sido morto, avança o correspondente da RTP citando fonte «muito próxima» de Gomes Júnior. No entanto, o blogue Ditadura do Consenso, do jornalista guineense António Aly Silva, afirma que o governante está em «local seguro».
A Rádio Nacional também foi ocupada por soldados. A embaixada de Portugal em Bissau está cercada, relata ainda a RTP.
Após os primeiros disparos, que lançaram o pânico nas ruas da cidade, a capital encontra-se praticamente deserta.
Tensão eleitoral
Os acontecimentos das últimas horas sucedem após a primeira volta das eleições presidenciais antecipadas, que segundo as autoridades eleitorais e os observadores internacionais foram ganhas por Gomes Júnior (popularmente conhecido pro Cadogo). Os resultados foram contestados pela oposição, tendo o segundo candidato mais votado, o ex-Presidente Kumba Yalá, recusado participar na segunda volta, marcada para o próximo dia 29.
Esta quinta-feira, Yalá pediu a anulação das eleições e exigiu à CNE a retirada do seu nome e da sua fotografia do boletim de voto da segunda volta. Os candidatos Serifo Nhamadjo, Henrique Rosa, Afonso Té e Serifo Baldé subscreveram o protesto.
Angola retira de Bissau, CPLP reúne de emergência
Os últimos dias foram também marcados pelo fim do apoio de Angola à reforma das forças armadas guineenses, um processo tido como fundamental para a estabilização do mais pobre e conturbado dos estados lusófonos. O motivo apontado para a iminente saída do contingente militar angolano (Missang) relaciona-se com a contestação das chefias militares guineenses, nomeadamente o CEMGFA António Indjai, à presença e acção das forças estrangeiras em Bissau.
Gomes Júnior é favorável à presença das forças angolanas, como declarou recentemente ao Jornal SOL.
O SOL, em artigo a publicar na edição desta sexta-feira, fontes de Bissau falam do interesse de «'lobbies' de 'empresários' sul-americanos» da desestabilização do país. Recorde-se que a Guiné-Bissau é apontada pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos como um «narcoestado», sendo referida como uma das principais plataformas de trânsito da droga sul-americana para o mercado europeu. As chefias militares são suspeitas de participação do narcotráfico.
A nova crise, já antes do golpe militar desta quinta-feira, motivou a convocação de uma reunião de urgência, sábado, em Lisboa, entre os ministros dos Negócios Estrangeiros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).
(em actualização)
Fonte: Jornal O Sol

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