domingo, 3 de abril de 2011

Radiação: Nova esperança para tumores no Centro Gamma Knife considerado um dos melhores da Europa

Sem incisões no crânio, a radiação é administrada directamente na lesão.

É uma técnica não invasiva de eficácia comprovada no tratamento de malformações e tumores em zonas profundas do cérebro ou próximas de áreas responsáveis por funções vitais, tais como a linguagem, audição ou movimento: sem incisões no crânio, o doente é tratado numa única sessão – e no prazo de 24 horas pode regressar à vida normal, escapando aos riscos e complicações da cirurgia convencional, que se prolongam por meses.

Com extrema precisão, são administradas doses de radiação na área lesionada, minimizando o risco de afectar tecidos saudáveis e anulando os efeitos da radioterapia tradicional: fadiga, vómitos, perda de cabelo e de capacidades cognitivas. Pode durar minutos ou horas, dependendo do tamanho e localização da lesão. Já os resultados são visíveis nas semanas seguintes. O objectivo da intervenção é estabilizar a lesão, que, quando inactiva, diminui com o tempo. Ainda que persistam resquícios do tumor, tal não significa perda de qualidade de vida.

A radiocirurgia Gamma Knife é uma técnica para todas as idades e não interfere com outros tratamentos, mas é recomendada a idosos, pessoas com vida social activa e que tenham sido sujeitas a várias cirurgias.

Sonho para uns, milagre para outros, esta técnica revolucionária é real e não é preciso sair do País: instalado no Hospital Cuf Infante Santo, Lisboa, o Centro Gamma Knife é considerado um dos três melhores a nível europeu.

TÉCNICA SUJEITA A ESTUDOS

Estender a técnica a outras áreas e a tumores malignos espalhados pelo cérebro é a meta. Em estudo estão procedimentos para fraccionar os tratamentos, pois para realizar uma nova sessão o paciente tem de esperar entre dois a três anos.

ÁREA LESIONADA DEFINIDA COM GRANDE PRECISÃO

O quadro estereotáxico localiza com precisão a área do cérebro lesionada e sujeita a radiação. Com anestesia local, o aparelho é fixado na cabeça do paciente, para evitar que se mova durante a colheita de imagens – necessária para determinar o tamanho da lesão, localização e tratamento. Finalizado o procedimento, o quadro é retirado.

Alguns pacientes podem sentir dor e um ligeiro inchaço nos pontos de fixação do quadro. 

DISCURSO DIRECTO:

JOSÉ M. BRÁS NEUROCIRURGIÃO NO CENTRO GAMMA KNIFE: "HÁ MAIS CONSCIÊNCIA"

– Qual a relação entre a radiocirurgia e a medicina convencional?

– Trabalhamos em parceria: há situações em que a opção é a cirurgia, quando os tumores são grandes ou estão espalhados. Quando a lesão está numa zona profunda ou próxima de orgãos vitais, aplica-se a radiocirurgia.

– É aceite pelos cirurgiões?

– Muitos não recomendam, pensam que vai induzir mais problemas. Outros respeitam a máxima ‘sou cirurgião e tenho que operar’.

– E pelos doentes?

– A maioria assusta-se com o tema radiação mas procuram mais informação, estão mais conscientes do nosso trabalho e procuram-nos.

O MEU CASO - DIOGO CARREIRA: "APANHEI UM SUSTO FIQUEI SEM PALAVRAS"

A carreira do basquetebolista do Benfica Diogo Carreira sofreu uma grande reviravolta em Fevereiro de 2009, quando uma simples dor de cabeça se transformou num grave problema físico: um tumor benigno na cabeça junto ao ouvido direito. O atleta não esquece o momento em que o médico lhe disse que tinha de desistir da sua maior paixão: o basquetebol. "Apanhei um grande susto, fiquei sem palavras", recorda. A partir desse momento, as frequentes dores de cabeça, que sentiu durante anos, cuja causa era sempre atribuída ao esforço físico e cansaço, começaram a fazer sentido.

Os dois dias de espera entre a ressonância magnética e a consulta foram muito angustiantes, apesar de os médicos nunca terem criado grande polémica em torno do seu quadro clínico. O que se justificou. O tumor era benigno e pequeno e o perigo surgiria se crescesse, pois podia afectar a audição e o equilíbrio. Os médicos optaram por esperar para avaliar o desenvolvimento do quadro clínico do atleta. Durante esse tempo, Diogo levou uma vida completamente normal e não teve de abandonar o desporto. Em Agosto de 2010, passado mais de um ano após a descoberta do tumor, o jogador de basquetebol foi operado no Centro Gamma Knife, no Hospital Cuf Infante Santo.

O ano de 2009 e os primeiros oito meses de 2010 foram intensos. mas Diogo Carreira recebeu a sua recompensa: levantou a taça de campeão nacional. n

PERFIL

Diogo carreira nasceu a 2 de Dezembro de 1978. Ao serviço do Benfica já arrecadou vários prémios, incluindo o de campeão nacional de basquetebol. Em 2009, Diogo soube que tinha um tumor no cérebro. Foi dos primeiros casos de gripe A no País e sofreu uma lesão. Para compensar o azar, o atleta sagrou-se campeão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Extensor peniano