segunda-feira, 9 de abril de 2012

Entrevista Governo admite que subida do preço da água é inevitável

Em entrevista ao Diário Económico, a ministra Assunção Cristas deixa o aviso: para que o sector da água seja sustentável o preço terá de subir.

O desmantelamento da Águas de Portugal e o fim da Parque Expo têm sido dois dos dossiers mais complexos de Assunção Cristas, ministra da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território. Sem prazos para a resolução de qualquer um deles, a justificação é a mesma para ambos - é preciso investimento e mais eficácia. O aviso fica feito em entrevista ao Diário Económico: para que o sector da água seja sustentável o preço terá de subir.

Há muito que foi dito que são necessários avultados investimentos para combater o desperdício na rede de água, como isso se compatibiliza com a reestruturação em curso e com as imposições da ‘troika'?

Esse é um dos principais motivos para a reestruturação do sector. As perdas em Portugal estão estimadas na casa dos 40% e o ‘benchmark' aponta para os 15, 20%. Há bastante trabalho que pode e deve ser feito, mas como diz é preciso investimento. A verdade é que temos um grupo Águas de Portugal de Portugal com três mil milhões de euros de dívida, temos défices tarifários crónicos e dívidas que não são pagas à própria Águas. Queremos é resolver o problema para o futuro, mas o problema também está no financiamento. É preciso atrair dinheiro novo para se poderem fazer os investimentos.

Há quem defenda que o sector das águas deve ser do domínio público e que a rede em alta nunca deveria sair do controlo do Estado...

Estamos num domínio sensível. É o cerne da existência humana, que corresponde a um monopólio natural e por isso a opção do Governo não é privatizar, mas sim manter toda a propriedade sobre a água e apenas concessionando a sua gestão. Porque não se mantém tudo público? Acreditamos que podem existir ganhos de eficiência na gestão, mas também porque precisamos de dinheiro para os investimentos de que falava há pouco e que são essenciais para modernizar sobretudo a rede em baixa que tem as maiores perdas.

A Águas de Portugal foi uma criação de José Sócrates como secretário de Estado do Ambiente e de Mário Lino, então presidente da AdP. Concorda que esse "monstro" deve ser desmantelado?

Precisamos de reestruturar o grupo para lhe dar sustentabilidade financeira e para conseguir um equilíbrio das próprias tarifas, porque é impossível o interior pagar os investimentos que foram feitos. Precisamos de temperar, numa lógica de solidariedade, pois no Litoral a água é muito mais barata e há mais gente para pagar os sistemas. A nossa opção é criar sistemas que olhem para o País como bandas entre litoral e interior e que permitam ter um equilíbrio com tarifas mais aproximadas em todo o país. A água em alta no Porto é paga a 0,34 cêntimos, em Lisboa a 0,43 e em Trás-os-Montes a 0,66 e ainda assim para reflectir o custo teria de ser acima de um euro. É um desequilíbrio muito grande.

Fonte: Correio da Manhã

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