Instalação nuclear para voos espaciais de larga distância será construída nesta década. A realização deste projeto abre novas perspectivas para a pesquisa espacial.
O primeiro aparelho nuclear de classe de megawatt para voos espaciais de larga distância deve ser construída até 2017. Segundo as estimativas preliminares, os primeiros blocos serão feitos já em 2013. Conforme as declarações da agência nuclear russa, Rosatom, o projeto e a construção da instalação nuclear para aparelhos cósmicos custará mais de 247 milhões de dólares.
Já os inícios da era espacial demonstraram à humanidade que os motores da base química não são suficientes para realizar voos mais distantes. É que os motores usados hoje, com base no combustível sólido e líquido, têm características técnico-econômicas muito baixas, comenta Alexander Zhelezniakov, acadêmico da Academia Russa da Cosmonáutica Tsiolkovsky:
“Hoje em dia, o potencial dos motores de propulsão de foguete químicos está quase completamente esgotado. Como resultado, os nossos voos aos planetas distantes demoram muito. Primeiro, esses voos são, em geral, poucos. Segundo, por assim dizer, só conseguimos lançar aparelhos espaciais de menor tamanho e pouca massa para as imediações do Sistema Solar. A criação do motor de propulsão de foguete nuclear permitirá ampliar consideravelmente as nossas possibilidades da pesquisa tanto do Sistema Solar, como, talvez, mesmo voos para os astros”.
O motor térmico nuclear é um projeto estudado durante mais de meio século já, iniciado pelos cientistas soviéticos e continuado, agora, pelos russos. Os EUA também têm desenvolvido pesquisas semelhantes.
Existem dois tipos de motor térmico nuclear: impulsivo (em que a propulsão resulta de explosões sucessivas de certas quantidades do combustível nuclear) e reativo. Após testes, os motores nucleares impulsivos foram reconhecidos não suficientes.
Os primeiros protótipos do motor térmico reativo de propulsão de foguete foram produzidos em meados da década dos 1960. São o RD-0410, da URSS, e o NERVA, dos EUA. Ambos os motores tinham o mesmo princípio de funcionamento: o “corpo de trabalho” dentro do reator nuclear esquenta-se e cria a atração ao se liberar. Mas esses aparelhos ficaram na Terra, devido ao alto risco de explosão do reator por causa da extrema temperatura e alto nível da radiação. Satélites com instalações nucleares já têm sido causas de emergências, lembra o chefe de um departamento do Instituto da Pesquisa Cósmica da Academia das Ciências da Rússia Yuri Zaitsev:
“Tivemos muitos acidentes com esses motores, nós e os americanos também. Lembremos por exemplo, o lançamento do satélite norte-americano Trânsito , que queimou-se sobre o oceano Índico, deixando na atmosfera quase um quilógramo de plutônio-238. Depois, o Cosmos-954 soviético caiu no território do Canadá, e a contaminação atingiu cerca de 60.000 quilómetros quadrados.”
O novo projeto vai resolver radicalmente o problema da segurança. O uso de motores iônicos, que geram atração com fluxo de íons, acelerado pelo campo elétrico, é previsto na nova espaçonave. E o reator nuclear será uma central elétrica a bordo para manter o funcionamento do motor. O reator não produzirá esgotos radiativos no ambiente exterior:
“Agora os nossos aparelhos espaciais recebem energia através de baterias solares, continua Yuri Zaitsev. - Porém, só podem funcionar em órbitas da Terra e não são fonte suficiente de energia para voos distantes. Por isto, a instalação nuclear possui várias vantagens tanto em potência, quanto em independência”.
Planeja-se que as instalações nucleares de energia serão o meio de aceleração de sondas não tripuladas de pesquisa para planetas distantes. Também, no futuro, poder-se-á enviar cosmonautas para o espaço.
Fonte: Voz da Rússia
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