Na segunda parte da entrevista exclusiva concedida pelo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho ao semanário SOL, sexta-feira nas bancas, o chefe do Executivo fala da vida privada e admite não ser bem pago, sem querer abrir um debate público sobre o tema. Leia o excerto.
Viaja em económica, mora na periferia de Lisboa, vai às compras ao supermercado, frequenta uma praia superlotada no Verão… Acha que é possível continuar a viver como uma pessoa comum?
Bem, faço isso menos, porque não tenho tanto tempo como antes. Neste ano que passou, as férias foram um simulacro de férias. Estive com a família cinco dias durante as férias. Mas é verdade que sou uma pessoa comum. Sou primeiro-ministro e isso não é comum, mas sou uma pessoa comum e, portanto, faço uma vida de acordo com as minhas disponibilidades e com aquilo que posso fazer. Não choro por causa disso. Vivo em Massamá porque foi para onde as minhas economias me conduziram. E a necessidade de ter um espaço adequado para a família, que era uma família grande. Vivo bem em Massamá, não tenho nenhum problema com isso, nem com a praia que frequento, nem com as compras que faço. Não vejo nenhuma necessidade de mudar as minhas rotinas, a não ser em aspectos muito contingentes, que não têm grande relevância.
Teve de mudar muito os hábitos quotidianos? Leva trabalho para casa?
A resposta é sim a tudo, mas isso não é novo. Tem muito a ver com a maneira como cada um de nós funciona. Quando estava nas empresas também levava trabalho para casa. Porque o dia era muito intenso e não permitia despachar um conjunto de matérias que necessitam de maior resguardo, menos telefonemas, menos despacho, mais reflexão. Isso é possível ter ao fim do dia em casa, à noite; não é possível ter num dia normal de trabalho. Isso não mudou, portanto. A forma como nos dedicamos às coisas tem que ver connosco, não tem que ver com os lugares.
(…)
Considera-se bem pago?
Não. Não creio que em Portugal os políticos que desempenham funções sejam bem pagos. Mas consideraria absolutamente inoportuno abrir-se essa discussão numa altura em que todo o país está a fazer sacrifícios e vive, de facto, com restrições muito grandes. Quando comparado com outros países europeus, não creio que os políticos portugueses sejam bem pagos, mas serão pagos ao nível daquilo que o país se pode permitir pagar nesta altura.
Mas ganha o suficiente para pagar as suas despesas…
Não vou fazer nenhum comentário a essa pergunta, porque iriam com certeza associar a resposta que eu desse a um episódio que ocorreu com uma declaração do Presidente da República. E eu não vou entrar nesse jogo...
Fonte: Jornal o Sol
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