Jim Rogers diz que o acordo é uma “farsa”, enquanto Martin Wolf antecipa que os 130 mil milhões de euros ainda não devem bastar.
"O acordo grego é uma farsa. Foi projectado para fazer com que todos se sintam melhor durante algum tempo", afirmou hoje Jim Rogers, considerado um dos investidores mais influentes a nível global, à Reuters. "Este acordo foi apenas concebido para nos aguentar até às eleições francesas, norte-americanas e alemãs", acrescentou.
Para Jim Rogers, o acordo alcançado na madrugada de terça-feira apenas está a adiar os problemas, sem os resolver. "Depois das eleições alemãs, quem sabe o que vai acontecer?", questionou, considerando que em 2013 ou em 2014, os mercados vão dizer "basta" ou então os gregos dirão que "não aguentam mais".
No mesmo sentido, Martin Wolf, um dos principais colunistas do Financial Times, alerta que "mesmo que tudo corra bem, teremos de amortizar muito mais dívida no futuro, provavelmente quase tudo o que os gregos estão a receber porque basicamente não é um pacote sustentável".
Para o especialista, mesmo que o novo resgate funcione, a Grécia não é um país competitivo, não vai crescer e os "ajustamentos orçamentais vão levar inevitavelmente a um agravamento da recessão". Hoje ficou-se a saber que o governo grego reviu em alta o défice orçamental de 2012, de 5,4% do PIB para 6,7%, devido à recessão.
Martin Wolf alerta que o principal problema é que toda a discussão sobre Atenas se centra na política orçamental, assumindo que se pode eliminar o défice, mas ignora o facto de que a Grécia depende de capital externo para financiar a sua balança corrente.
"Eles deverão precisar, quase inevitavelmente, de mais capital no futuro, não apenas para financiar a dívida mas toda a economia e não interessa quem empresta, seja o sector privado ou público", prevê Wolf.
Esta terça-feira, os ministros das Finanças da zona euro chegaram a acordo quanto ao segundo resgate a Atenas. Depois de uma maratona negocial de 14 horas, ficou decidido que os credores privados perdem 53,5% dos valores iniciais dos seus títulos de dívida grega, que os bancos centrais abdicam dos lucros na dívida helénica, e que os juros do primeiro resgate descem.
Mesmo assim, ainda não desapareceram os receios em relação ao eventual abandono da Grécia da zona euro. À Reuters, Jim Rogers, co-fundador do fundo Quantum, em conjunto com George Soros, admite que seria "terrível" para a Grécia abandonar o euro e voltar ao dracma. Questionado sobre se está comprador ou vendedor de euros, Rogers referiu: "Tenho euros, não os estou a comprar, mas também não os vou vender", adiantando também que não está a especular contra Portugal nem outros países periféricos. "Tenho euros mas estou apenas a observar", disse.
Rogers e Wolf não estão sozinhos no cepticismo em relação ao acordo grego. Outros especialistas também consideram que, com ele, se evita o pior no curto prazo, mas que ficam por resolver os problemas fundamentais da economia helénica.
José Luis Martínez, especialista do Citigroup afirma, ao Expansión, que "o acordo pode aliviar os receios no curto prazo em relação a um ‘default' desordenado na Grécia, mas não afasta o medo de um ‘default' ordenado".
Também para Natalia Aguirre Vergara, directora de Análise e Estratégia na Renta 4, nota que "ainda muito está por fazer", apesar de considerar que o acordo foi um "passo na direcção certa".
Fonte: Económico
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