sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Porque é que o mundo não intervém na Síria?

Os bombardeamentos tornam-se mais violentos, os jornalistas ocidentais pedem para ser retirados das zonas de combate e a comunidade internacional fica a olhar enquanto o número de mortos aumenta. Os sírios não percebem e interrogam-se «de que está o mundo à espera para nos ajudar?»

Os EUA, a União Europeia, a Liga Árabe e a Turquia reforçaram as sanções contra o regime e Bashar al-Assad reforçou a violência contra os sírios. As sanções parecem não resultar no terreno, mas intensificam o debate: será que a comunidade internacional devia esforçar-se mais para colocar um fim ao derramamento de sangue?

Por várias razões, os Estados estão hesitantes em avançar com uma intervenção na Síria. Aqui ficam as razões, destacadas pela CNN, que levam as nações mundiais a manterem-se à margem deste conflito.

Não há consenso

No ano passado, o Conselho de Segurança impôs restrições ao espaço aéreo líbio e decidiu «por todos os meios necessários» proteger o povo líbio da violência do exército de Muammar Kadhafi.

No caso da Síria, não há consenso no Conselho de Segurança: China e Rússia, aliadas de Bashar al-Assad, vetaram a resolução que teria dado legitimidade a uma intervenção das Nações Unidas. De acordo com Fareed Zakaria, essa intervenção já «não pode acontecer através da ONU. Terá de ser uma operação unilateral da NATO, logo, sem legitimidade internacional».

Ninguém sabe ao certo quem são os rebeldes

Quem manda na oposição síria? Os rebeldes estão unificados? São de confiança? Podem constituir uma real ameaça às forças bem organizadas do regime?

Na Líbia, os rebeldes tinham uma base - um reduto forte em Benghazi - que resistia a Kadhafi. Ou seja, dominavam parte do território.

Na Síria isso não se acontece, os activistas não dominam nenhuma parte do território, «estão encurralados em pequenos enclaves que estão sob bombardeio constante», explica Nic Robertson, da CNN, que esteve no país há algumas semanas atrás.

Para além disso, a ideia de que é demasiado arriscado armar ou apoiar uma 'entidade sem identidade' reúne muitos apoiantes.

Dividir para reinar

A Síria é um país dividido. Os entre 20 a 30 por cento da população (de cristãos e shiitas) que apoia Assad teme os rebeldes, que são na sua maioria muçulmanos sunitas.

A mensagem que Assad passa aos seus apoiantes é a de que apenas ele pode providenciar segurança e que, se a maioria sunita chegar ao poder, os cristãos e shiitas irão perder as suas casas e os seus negócios.

Por outro lado, al-Assad beneficia do apoio, por enquanto praticamente incondicional, do seu exército, que é muito mais forte, melhor equipado e mais unido do que o da Líbia.

A geografia

A intervenção na Líbia foi facilitada porque a maior parte dos alvos se localizava junto do Mediterrâneo e, dessa forma, ao alcance a partir das bases da NATO em Itália.

A costa da Síria é muito menor que a da Líbia e é pouco provável que os países que a circundam, Iraque, Líbano, Jordânia, Israel e Turquia, se disponham a acomodar o aparato militar necessário para uma missão no país.

A topografia também é uma preocupação, por ser mais montanhosa que a Líbia, os combates na Síria seriam mais penosos e mortíferos.

Ainda se acredita que as sanções podem funcionar

Susan Rice, embaixadora norte-americana nas Nações Unidas, afirma que os EUA preferem «não alimentar um conflito que pode degenerar numa guerra civil em larga escala». Acreditam que o regime está no seu limite e que com o aumento «da pressão internacional, a economia ficará completamente asfixiada».

Fonte: SOL

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