quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Tensão: Irão suspende exportação de petróleo para seis países europeus

Teerão decidiu hoje retaliar contra o embargo europeu ao travar todas as vendas de petróleo a seis países, entre os quais Portugal.

O Irão vai deixar imediatamente de vender petróleo a Portugal, Grécia, Itália, Espanha, França e Holanda, anunciou hoje a televisão estatal iraniana. "O Irão corta as suas exportações a seis países europeus", disse a PressTV ao início da tarde.

Esta decisão surge depois de no passado dia 31 de Janeiro a União Europeia, liderada pela França, ter decidido deixar de comprar crude ao Irão a partir do dia 1 de Julho, como modo de pressionar o país a voltar à mesa das negociações sobre o seu programa nuclear.

"Esperamos que isto faça com que o regime iraniano volte a falar sobre o seu projecto nuclear", disse na altura a responsável pela política externa europeia, Catherine Ashton.
A decisão de só travar as compras ao Irão seis meses após a decisão de levar a cabo o embargo ficou a dever-se aos receios manifestados pela Grécia, Espanha e Itália - que importam entre 13 e 14% do seu petróleo do Irão - de que esta decisão europeia poderia levar Teerão a suspender unilateralmente os fornecimentos, o que colocaria estas economias do Sul da Europa, actualmente a braços com crises severas, em dificuldades económicas ainda maiores. Os líderes europeus supunham que o prazo de seis meses seria suficiente para estas nações encontrarem novos fornecedores de petróleo.

Portugal será dos países menos afectados por esta decisão, tendo o ministro dos Negócios Estrangeiros Paulo Portas anunciado no final da reunião europeia que decidiu o embargo que a dependência portuguesa do petróleo iraniano, que nos anos anteriores era de 6%, "é agora de 0%".

A decisão europeia gerou grande indignação no parlamento e governo iranianos, tendo vários deputados apelado a um contra-embargo imediato à Europa, uma vez que a procura asiática, em particular da China e Índia, é mais do que suficiente para absorver toda a produção iraniana, não devendo por isso o país sofrer muito com a decisão dos 27. Já no passado dia 4, o ministro iraniano do petróleo havia afirmado que a República Islâmica iria "certamente" cortar os fornecimentos a "alguns" países da Europa.

Preços do petróleo sobem

A decisão iraniana teve repercussões imediatas nos mercados petrolíferos, com o preço do barril de Brent (que é a referência para as importações portuguesas) a subir 0,58% para os 118,85 dólares, ao mesmo tempo que o preço do Light Sweet Crude avançava 1,15% em Nova Iorque para os 101,90 dólares.

Os analistas notam que o mercado já se encontrava a atribuir um prémio aos preços do petróleo que variava entre os cinco e os 15 dólares, devido às expectativas de que a escalada do conflito com o Irão viesse a criar as maiores perturbações nos fornecimentos vindos do Golfo Pérsico desde 1991.

O maior receio é que Israel venha a lançar um ataque aéreo contra as instalações nucleares iranianas, o que levaria Teerão a tentar fechar o Estreito de Ormuz, por onde passam mais de 20% das exportações mundiais de petróleo, uma possibilidade que já foi avançada por vários generais e deputados iranianos.

As tensões entre o Irão e o Ocidente têm vindo a aumentar consideravelmente este ano, depois de vários especialistas nucleares iranianos terem sido assassinados em atentados atribuídos à agência israelita de serviços secretos ‘Mossad'. Esta semana, diplomatas de Israel foram alvo de ataques bombistas na cidade indiana de Nova Delhi e na capital georgiana de Tblisi, os quais foram atribuídos à retaliação iraniana. Ontem, foram registados três atentados bombistas na capital tailandesa de Banguecoque, tendo na altura sido descoberto que o autor de pelo menos um dos atentados é de nacionalidade iraniana.

Galp diz que não importa crude do Irão

A Galp, responsável por refinar quase todo o petróleo consumido em Portugal, já reagiu à decisão de Teerão. A petrolífera portuguesa garante que não importa crude do Irão.

"As compras de crude da Galp Energia ao Irão foram residuais em 2010 e nulas em 2011", disse fonte oficial da empresa ao Económico.

Fonte: Económico

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