Em entrevista ao Etv, Pedro Pintassilgo diz que a Alemanha "não está numa redoma" e que o BCE deve libertar-se das "amarras da inflação".
"Nem a Alemanha está a salvo desta escalada dos juros e do risco de contágio", comentou o gestor de fundos da F&C Investments, em declarações ao Etv, a propósito do leilão de obrigações alemãs a 10 anos realizado na semana passada, onde a Alemanha não conseguiu compradores para 40% dos títulos de dívida e o juro subiu face à emissão anterior.
Para Pedro Pintassilgo, o leilão da última semana mostrou que "a Alemanha não está de facto numa redoma de vidro e também vai sofrer [com a crise europeia], porque a maior parte das exportações da Alemanha são para a Europa". Mais do que isso, o gestor de fundos considera que a não resolução da crise de dívida na Europa "vai naturalmente abrandar o crescimento de todas as economias do planeta".
Consciente desse cenário, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse ontem estar disponível para fazer o que for necessário para ajudar os países da zona euro a superar a crise actual.
Sobre a proposta alemã de uma maior união orçamental na zona euro, Pintassilgo considera que está "fora de tempo" porque "neste momento temos a casa europeia a arder, o risco de desmembramento a crescer todos os dias e taxas totalmente proibitivas e insustentáveis no médio prazo", nos juros italianos, apontou o gestor de fundos. Por tudo isto, uma proposta destas neste momento não chega.
Pintassilgo notou também que o que a Alemanha está hoje a mostrar que é solidária "só até um certo ponto" e que "o BCE tem de libertar-se das amarras da inflação", que considera ser o "papão que a Alemanha vem lançando".
Para o responsável não parecem existir riscos inflaccionistas, que decorressem de uma eventual acção de 'quantitative easing' por parte do BCE. "Os riscos que hoje enfrentamos são muito maiores", alertou, argumentando que as previsões actuais apontam para taxas de crescimento quase nulas ou estimativas de recessão em vários países, o que afasta riscos de subida dos preços.
Por isso, o que neste momento está a ser pedido à Alemanha é que permita que o BCE que seja "o mutuante de último recurso para a dívida soberana europeia".
Pintassilgo concluiu que "o euro não está a desvalorizar ao ritmo que era espectável, o que significa que ainda não chegámos ao momento de ruptura, mas pode estar por semanas".
Fonte: Económico
Fonte: Económico
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