Milhares de militares manifestaram-se hoje, em Lisboa, contra as medidas de austeridade que os afetam, no maior protesto de sempre das Forças Armadas, segundo a organização, que terminou com a marcação de uma vigília frente à Presidência da República.
O novo protesto foi marcado para 30 de novembro, dia da votação global do Orçamento do Estado para 2012 na Assembleia da República, tendo os militares decidido ainda, numa moção que foi aprovada por unanimidade, marcar presença nas galerias do Parlamento na mesma data.
A vigília terá como objetivo apelar a Cavaco Silva, comandante supremo das Forças Armadas, para não promulgar o Orçamento.
O Presidente da República foi aliás um dos visados nos discursos que encerraram a manifestação convocada pelas três associações socioprofissionais de militares e que, num desfile silencioso entre o Rossio e a Praça do Comércio, reuniu cerca de dez mil pessoas, segundo os organizadores, que asseguram ter sido a maior demonstração de sempre de militares em Portugal.
As referências a Cavaco Silva nos discursos desencadearam uma forte vaia entre os manifestantes, que foi também a única. Toda a concentração e desfile foram silenciosos e as palavras de ordem estavam apenas escritas em faixas que pediam a "defesa da condição militar".
É importante que "o Governo reconheça o importante papel das Forças Armadas" na sociedade e "não as use como instrumento de combate ao défice", afirmou o presidente da Associação de Praças, Luís Reis, perguntando a seguir: "Neste contexto, onde fica o Presidente da República enquanto chefe supremo das Forças Armadas? Não lhe competia um exercício de influência para defesa das Forças Armadas".
O dirigente da Associação de Praças sublinhou, a este propósito, que as Forças Armadas "não são só aqueles que cumprem missões internacionais" e que é inaceitável a existência de "militares de primeira e de segunda".
"As Forças Armadas são também os que lidam com a ausência de política militar" e "de valorização profissional" e os "que estão sem capacidade de reequipamento", acrescentou.
Também o coronel Pereira Cracel, da Associação de Oficiais das Forças Armadas, sublinhou que os militares têm sido "acossados e diminuídos" na sua condição, por lhes estarem a ser retirados direitos até agora garantidos pela especificidade da sua atividade, "ao mesmo tempo que se mantêm" as obrigações e restrições.
Para Pereira Cracel, o país está "perante um quadro em que os militares e também a generalidade dos seus concidadãos são vítimas de dracroniana austeridade, ao mesmo tempo que há uma sangria astronómica de somas de todos para uns quantos", referindo as injeções de dinheiro no BPN e as transferências para "offshores".
Os cortes orçamentais e a retirada de direitos aos militares estão a pôr em causa o funcionamento das Forças Armadas, "o último pilar da soberania nacional", afirmou.
Já Lima Coelho, presidente da Associação Nacional de Sargentos, congratulou-se com a "unidade" dos militares e das associações que os representam e apelou a todos que confiem nos dirigentes destas estruturas.
Os participantes na manifestação estavam todos vestidos à civil, embora alguns envergassem as boinas das fardas.
No final, quando já decorriam os discursos, a direção da plataforma que reúne todos os sindicatos e associações das forças de segurança reuniu-se ao protesto, para um "abraço de solidariedade" aos militares.
A polícia não forneceu os números dos participantes na manifestação.
Fonte: Destak.PT
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