Quem não conhece alguém que tenha centenas de amigos no Facebook e prefere publicar frases em seu perfil a sair para encontrar essas pessoas? Para a socióloga e professora do Massachusetts Institute of Technology (MIT) Sherry Turkle, pessoas assim são o retrato de como o uso abusivo da tecnologia está mudando, negativamente, nossos relacionamentos. “Preferimos mandar mensagens a falar com alguém pessoalmente ou por telefone”, diz. Segundo Turkle, enviamos e recebemos cerca de 6 mil mensagens por mês por meio de aparelhos portáteis.
A conclusão foi tirada após um estudo que incluiu análise de pesquisas com usuários e 15 anos de acompanhamento de jovens e adultos americanos com seus apetrechos digitais. Os detalhes estão em seu recém-lançado livro Alone Together (Sozinhos Juntos, ainda sem edição para o Brasil), em que a socióloga defende que a única saída para lidarmos com este excesso é nos desconectar.
* Por que passamos tanto tempo conectados?
Sherry Turkle: Em minha pesquisa descobri que as pessoas gastam de 80% a 90% do dia trocando mensagens, seja numa rede social, celular ou e-mail. Vivemos com a expectativa constante de recebermos esses textos. A maioria deles são simples “oi”, “como você está?”, “estou aqui”. São amáveis e passam a ideia de que estamos juntos. As pessoas querem sentir que não estão sozinhas. Por isso, arranjam centenas de “amigos” com quem somente trocam mensagens breves e de quem, na realidade, estão bem distantes.
* Por que isso acontece?
Turkle: Principalmente pela facilidade proporcionada pelos gadgets. Quando estou na praia, vejo muitas famílias juntas, mas com pais e filhos fuçando nos celulares em vez de interagirem entre si. Não acredito que esse é o futuro que gostaríamos de ter. Temos tantas emergências assim? Elas existem, mas durante a maioria do tempo poderíamos prestar mais atenção às pessoas que estão ao nosso redor.
* É bom ficarmos sozinhos?
Turkle: Sim. Desconectar-se não significa que você irá perder algo. Quando as pessoas desligam seus computadores e celulares, elas costumam se sentir isoladas. Não porque estão angustiadas de fato, mas porque acreditam que precisam dos amigos na rede. É preciso perceber esta distinção. Acredito que, aos poucos, iremos encontrar uma solução inteligente para superarmos estes problemas, descobrindo como dosar nossa conectividade.
Fonte: Revista Galileu
Fonte: Revista Galileu
Nenhum comentário:
Postar um comentário