Presidente da empresa pública é espanhol e tem direito a viagens de avião para ir a casa. Relatório de contas da empresa explica tudo.
Os Estaleiros Navais de Viana do Castelo gastam anualmente 362 mil euros em vencimentos com três elementos do Conselho Executivo, sendo que ao presidente, espanhol, a empresa pública assegura ainda viagens aéreas ao país de origem.
Os números constam do Relatório e Contas de 2010, a que a Agência Lusa teve esta terça-feira acesso, e onde se constata que o cargo de presidente executivo dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) corresponde a uma "remuneração global anual de 110.000 euros".
Este valor é acrescido dos "custos de utilização de veículo com aluguer máximo de 1.000 euros mensais, telefone móvel e despesas de alojamento em Viana do Castelo", lê-se.
O cargo de presidente executivo é ocupado actualmente pelo espanhol Francisco Gallardo, que ainda tem direito a um subsídio anual de 72.000 euros, por se encontrar "deslocado do seu país de origem", além do custo das despesas de alojamento em Viana e quatro viagens aéreas ao país de origem, "em classe económica, a utilizar em cada ano civil".
Ao administrador espanhol, que chegou à empresa há precisamente um ano, a empresa pagou em seis meses 41.157 euros de vencimentos, acrescidos, entre outros apoios, de 35.454 euros relativos ao subsídio por estar deslocado do país. Gallardo integrou inicialmente as funções de vogal executivo e passou já este ano a presidente.
Ainda segundo o Relatório e Contas de 2010, que também identifica a difícil situação financeira da empresa, a mais dois vogais executivos do Conselho de Administração (CA) são pagas remunerações anuais brutas de 90.000 euros, acrescidas dos custos de utilização de veículo "com aluguer máximo de 1.000 euros mensais e telefone móvel".
José Luís Serra e José Pinho são atualmente os vogais executivos do CA, ainda formado por dois elementos não executivos. Ao presidente não executivo está prevista a atribuição de uma remuneração bruta anual de 55.000 euros, no entanto o agora demissionário Carlos Veiga Anjos abdicou desse pagamento.
"Renunciou voluntariamente a esta remuneração enquanto se mantiver como presidente da Comissão de Auditoria da Empordef", lê-se no relatório.
Ao quinto elemento, também não executivo, está previsto o pagamento anual de 27.000 euros, cargo que actualmente é ocupado por José Conde Baguinho.
No mandato anterior, o CA contava apenas com dois vogais executivos, auferindo anualmente cerca de 92.000 euros e o presidente não recebia qualquer remuneração por inerência de funções na holding pública Empordef.
Do lado das receitas no período de vigência da atual administração, não foi fechado qualquer contrato, à exceção da negociação para os navios aslfateiros para a Venezuela, no valor de 128 milhões de euros, que foi culminada em maio de 2010, após quase oito anos de recuos e avanços.
Fruto da falta de novos contratos, em 2010 a reparação naval rendeu 13 dos 20 milhões de euros de vendas da empresa, que fechou o ano com 41,9 milhões de euros de prejuízos, contra os 20,4 negativos de 2009.
Segundo o relatório formalmente aprovado em maio, o projecto de viabilização, que passava pela saída de 380 dos 720 trabalhadores e que foi entretanto suspenso pelo Ministério da Defesa, era "decisivo" para a "sustentabilidade futura" dos estaleiros.
O passivo total da empresa atingiu, a 31 de Dezembro de 2010, os 240,2 milhões de euros.
Fonte: DN.PT
Fonte: DN.PT
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