quinta-feira, 21 de julho de 2011

Habitação: 3060 casas devolvidas aos bancos

Famílias e construtoras que não conseguem pagar dívidas às instituições financeiras entregam imóveis.

Nos primeiros seis meses do ano, famílias e construtoras já devolveram à Banca 3060 imóveis por não terem condições de pagamento. O concelho de Alcochete foi aquele que registou um maior número de entregas por incumprimento das dívidas.

Os números da APEMIP, a associação que representa os profissionais da mediação imobiliária, mostram que o mês de Maio foi aquele que registou o maior número de casas devolvidas para pagamento dos empréstimos em incumprimento: cerca de 650 imóveis. Em Junho, o número esteve próximo das 600 habitações.

Ao CM, fonte da APEMIP explica que "nos primeiros quatro meses do ano o número de entregas situou-se abaixo da média mensal registada ao longo de 2010", acrescentando que de Janeiro a Abril a média mensal das devoluções situou-se entre os 430 e os 460 imóveis por mês.

Ainda que "a situação seja partilhada", as construtoras ou empresários do sector foram quem mais contribuiu para esta realidade, já que quando não conseguem pagar os compromissos assumidos com a Banca chegam a devolver empreendimentos inteiros. "O incumprimento das famílias não se tem agravado de forma robusta", adianta a mesma fonte ao CM. Isso mesmo ilustram os números do malparado contabilizado pelo Banco de Portugal. Enquanto o crédito de cobrança duvidosa para a compra de casa se tem mantido estável (1994 milhões), o incumprimento das empresas tem registado subidas acentuadas, sobretudo as ligadas ao sector imobiliário. Geograficamente, 6,6% das casas entregues pertenciam ao concelho de Alcochete, 5,5% ao concelho de Sintra e 5,4% a Gaia. Em Lisboa foram devolvidas 5,4% e em Braga 2,3%.

VENDA ATRAVÉS DE SITES OU EMPRESAS LEILOEIRAS

As casas penhoradas pelos bancos por falta de pagamento das prestações do crédito à habitação são vendidas pelas próprias instituições ou entregues a imobiliárias e a empresas de leilões especializadas, como a Euro Estates e a Luso-Roux. Nos sites bancários as instituições financeiras ajustam periodicamente os preços dos imóveis, que muitas vezes estão ainda sujeitos a negociação particular.

Os leilões de imóveis são outra forma importante de escoamento das carteiras dos bancos. Neste primeiro semestre a Euro Estates realizou 15 leilões, um número equivalente ao realizado no primeiro semestre do ano passado, disse ao CM Diogo Pitta Monteiro.

BANCOS ABERTOS A NEGOCIAÇÕES

Os bancos estão receptivos a soluções para as famílias com dificuldades em pagar o crédito à habitação, negociando quer o prolongamento dos prazos de pagamento quer aceitando períodos de carência de prestações, adiantou ao CM Natália Nunes, do Gabinete de Apoio ao Sobreendividamento da DECO. As pessoas deverão contactar os bancos antes de deixarem de pagar a prestação.

DAÇÃO VÁLIDA EM SETE CASOS

Já foram proferidas sete decisões judiciais no sentido de considerarem pagas as dívidas dos empréstimos à habitação com a entrega das casas. Trata--se de uma possibilidade que deverá depender muito dos casos, considera Natália Nunes. Por outro lado, alerta, "resta saber agora qual vai ser a posição dos tribunais superiores", já que as decisões judiciais foram objecto de recurso.

MAIS DE DOIS MIL MILHÕES EM CALOTES NA CONSTRUÇÃO

O crédito de cobrança duvidosa no sector da construção totalizava em Maio 2156 milhões de euros, dados do Banco de Portugal, o valor mais alto de sempre registado pela autoridade monetária. Quando comparados com Maio de 2010, os calotes aumentaram 425 milhões. Nas actividades imobiliárias, o malparado atingiu os 920 milhões. As duas áreas somadas são mais de metade do total dos calotes das empresas (5908).

Fonte: Correio da Manhã

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