O rival Bill Gates foi uma das últimas pessoas que Steve Jobs quis ver. O mentor do iPhone recusou ser operado para curar cancro, optando por medicinas alternativas, e gostava pouco de tomar banho. Revelações feitas pelo autor da biografia do fundador da Apple, que exigiu convite formal para falar com Obama, a quem disse que não seria reeleito.
Steve Jobs morreu a cinco de Outubro, vítima de cancro. Budista, adepto das dietas macrobiológicas, foi diagnosticado com cancro do pâncreas em 2003 e preferiu tratar-se com sumos de frutas, acupunctura e remédios de medicina tradicional que encontrava na Internet.
"Não queria que abrissem o meu corpo, que me violassem dessa forma", disse Jobs, segundo o biógrafo, num excerto revelado da entrevista do autor da biografia do fundador da Apple, Walter Isaacson, ao programa "60 minutes", da CBS.
Pressionado pelas súplicas da mulher, irmã e filhos, o fundador da Apple aguentou nove meses até recorrer à medicina tradicional, mas já era tarde e terá desperdiçado tempo precioso. "Pensava que se ignorasse algo, se não quisesse que existisse, podia fazer magia com a mente. Antes já tinha funcionado. E arrependeu-se", contou Walter Isaacson, no vídeo difundido pela CBS, que antecipa a biografia de Jobs.
Mistura de frutos e LSD para "se concentrar"
Presidente do Instituto Aspen e biógrafo de Franklin ou Kissinger, Isaacson fez cerca de 40 entrevistas a Jobs, amigos e familiares. O resultado chama-se "Steve Jobs" e tem 650 páginas. O fundador da Apple encontrou o nome para a empresa a meio de uma das suas dietas, depois de visitar um pomar de maçãs.
Jobs estudou budismo durante vários anos e acreditava que a mistura de espiritualismo e dietas macrobióticas, que iniciou ainda adolescente, o protegeriam até do cancro. Segundo Isaacson, o fundador da Apple colaborou totalmente com o biógrafo, queria contar tudo, para que os filhos percebessem o trabalho que tanto tempo roubou à família.
Segundo a biografia, que será publicada na próxima segunda-feira, em adolescente Jobs aprendeu a olhar nos olhos dos outros sem pestanejar. Na altura, deu início à mistura das dietas à base de frutos e legumes com LSD, acreditando que a "receita" o mantinha concentrado na imaginação e indiferente ao dinheiro.
O "vil metal" terá sido uma das razões que levou ao divórcio com os co-fundadores da Apple. Antes de ser despedido, em 1985, acusou os executivos da empresa de carecerem de valores, de só se interessarem pelo dinheiro e considerou-os "corruptos", conta Isaacson.
"Bill Gates roubou sem pudor ideias dos outros"
Extractos da biografia, publicados esta sexta-feira, no "New York Times" e no "Huffington Post", revelam, ainda, algumas manias do fundador da Apple. No início da carreira, ficava tantas vezes centrado no trabalho que se esquecia de tomar banho. A empresa seguia-o de perto, para que não se desconcentrasse e tomasse banho com mais frequência.
A indumentária que usava habitualmente, pólo preto de gola alta, calças de ganga e sapatilhas cinzentas, era um uniforme que o próprio se auto-instituiu, depois de uma viagem ao Japão, nos anos 80. Impressionado com a ideia nipónica de que todos os empregados eram iguais, quis impor o uniforme na Apple. Os colegas de Executivo impediram-no, mas não o demoveram a criar um uniforme peculiar para si próprio.
O livro conta, também, que Bill Gates foi uma das últimas pessoas que Steve Jobs pediu para ver em vida. Depois do encontro, comentou com o biógrafo como encontrara o fundador da Microsoft feliz desde que se dedicara à filantropia.
"Bill tem muito pouca imaginação e nunca inventou nada. Por isso creio que se sente mais cómodo com a filantropia do que com a tecnologia. Roubou sem pudor as ideias dos outros", dizia Jobs. Apesar de tudo, contra Isaacson, o fundador da Apple apreciava o fundador da Microsoft e admirava "o incrível instinto do que funciona", que reconhecia em Bill Gates.
Enfrentamentos com Obama
A biografia conta também, alguns ataques de soberba. No Outono de 2010, Jobs exigiu que Obama convocasse um encontro formal se o queria conhecer. O presidente dos EUA tinha manifestado o desejo e o fundador da Apple exigiu um convite formal.
Apesar de ser Democrata e de se ter oferecido para desenhar o grafismo da campanha presidencial de 2012, Steve Jobs desancou Obama quando se encontraram, no aeroporto de San Francisco, nos EUA. "Vais ser presidente de um só mandato", terá dito, acusando o actual líder norte-americano de ser demasiado de esquerda.
Num outro frente-a-frente com Obama, Jobs consegui que fosse servida a tarte que queria. Aconteceu num jantar organizado pela Casa Branca com vários executivos norte-americanos de topo. O fundador da Apple insurgiu-se contra o menu, que considerou "demasiado chique" e quis escolher a sobremesa. E conseguiu, em detrimento dos desejos presidenciais.
Fonte: Jornal de Notícias
Fonte: Jornal de Notícias
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