O secretário-geral do PCP acusou hoje o Banco de Portugal (BP) e o Governo de terem "uma postura subserviente e reverente" em relação à banca, apelando à greve geral de 22 de março.
"Sim, muitas vezes nós ouvimos dizer, mesmo por gente bem-intencionada, que não há dinheiro para nada, mas ele aparece sempre quando se trata de assegurar os interesses da banca e dos banqueiros e dos grandes grupos económicos", afirmou Jerónimo de Sousa perante um Rivoli esgotado em que muitas vezes se ouviram os gritos de "gatunos".
"Só nestes últimos três meses, em duas operações do Banco Central Europeu estima-se que foram entregues à banca nacional cerca de 37 mil milhões de euros, mas num empréstimo a um por cento de juros", lembrou o líder do PCP, considerando que apesar desta "injeção de dinheiro" ele não chega à economia porque a banca "prefere empregar esse dinheiro nas atividades especulativas mais rentáveis e o Governo e Banco de Portugal, não fazem nada a não ser ficarem numa postura subserviente e reverente".
Em contraste, Jerónimo de Sousa, que falava num comício comemorativo do 91º aniversário do PCP, lembrou que "o Estado, que por sua vez não se pode financiar diretamente no BCE, é financiado pela 'troika' a juros agiotas de cinco por cento e é lhe exigido um programa draconiano".
Para tentar explicar alguns números o secretário-geral lembrou que "os 35 mil milhões a pagar de juros pelo empréstimo da 'troika' é estimativa de toda a receita fiscal para 2012 e daria para pagar todos os salários dos trabalhadores da administração pública, seja central local ou regional, durante quatro anos"
Jerónimo de Sousa não esqueceu o caso Lusoponte no seu discurso, afirmando que "bem pode Passos Coelho dizer de forma trapalhona que não sabe o que se passa, mas o certo é que a Lusoponte se alambazou duas vezes com uma verba que é dinheiro dos contribuintes e dos utentes".
A tarde serviu ainda para lembrar a acusação proferida esta semana pelo PCP na Assembleia da República: "Com a redução dos serviços de saúde, com o aumento do preço dos transportes, das taxas moderadoras, da dificuldade de acesso aos exames e às consultas, nós responsabilizamos politicamente o Governo pela morte antecipada de muitos portugueses,
O momento serviu também para o líder do PCP apelar à participação na greve geral convocada pela CGTP para 22 de março, afirmando que "custa muito perder um dia de salário, mas aquilo que está causa bem mais custa: perder no ano inteiro sete de dias feriados e de férias de horas extraordinárias e a segurança no emprego".
"Todas as greves gerais precisaram de nós mas esta precisa mais", afirmou Jerónimo de Sousa que acusou o Governo e a 'troika' de querer que Portugal recue aos níveis económicos de "há 40 ou 50, levando-nos ao nível do que vivíamos antes do 25 de Abril de 1974".
Fonte: DN.PT
Fonte: DN.PT
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