Na Madeira, a taxa de desemprego jovem estava em 45,3% no último trimestre do ano passado, e no Algarve atingiu 41,1%. As duas regiões têm em comum a dependência do turismo e da construção, dois sectores cujas perspectivas de negócio estão em baixa.
A nível nacional, um terço dos jovens está sem emprego, mas o cenário varia de região para região. Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), o problema torna-se mais intenso à medida que se viaja para Sul e arquipélagos. No Norte e Centro o país, as taxas de desemprego jovem são de 32,9% e de 34,7%, respectivamente. Em Lisboa sobe para 37,5%, e no Alentejo para 38,7%.
Nos Açores, a taxa de desemprego jovem também está acima da média, mas os recordes surgem na Madeira e no Algarve. Henrique Albergaria, docente da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, especializado em economia regional, assinala que as duas regiões se especializaram nos serviços turísticos, que condicionam grande parte das outras actividades económicas ali instaladas. «São regiões onde há também muita construção dependente das expectativas em torno da actividade no turismo», refere o economista.
Embora 2011 tenha sido positivo para o turismo, com o aumento das receitas do sector, o final do ano já ficou marcado por uma quebra na actividade. O último mês de 2011 foi o pior Dezembro dos últimos 16 anos para a hotelaria algarvia, por exemplo, com uma taxa de ocupação média de apenas 20,3%.
Além disso, as expectativas para 2012 são de contracção da procura interna e de recessão noutros parceiros europeus, o que deverá originar menos turistas a visitar o país. Como explica Henrique Albergaria, as empresas nestas regiões, nomeadamente as de construção «só contratam se houver expectativas positivas de melhoria da actividade no turismo». Assim, muitas estão actualmente a restringir novas contratações ou mesmo a eliminar postos de trabalho.
Apesar do elevado desemprego jovem no Algarve e na Madeira, Henrique Albergaria entende que não é caso para serem delineadas programas de políticas públicas específicas para estas regiões. O Estado deve preocupar-se em facilitar a vida às empresas, nomeadamente através da diminuição dos encargos das entidades patronais e da flexibilização da legislação laboral. «Pode ter um efeito benéfico na contratação», sustenta.
Na semana passada, o Banco de Portugal divulgou um estudo no mesmo sentido, no que respeita a legislação laboral. Da autoria dos economistas Mário Centeno e Álvaro A. Novo, o estudo sustenta que a introdução de um contrato único de trabalho, que substituiria os contratos a prazo e os vínculos sem termo, por exemplo, permitiria «dispersar de forma mais uniforme os custos do ajustamento entre todos os trabalhadores». Ou seja, permitiria mitigar o que se designa de segmentação do mercado, em que os trabalhadores mais velhos estão mais protegidos no emprego, e os mais novos expostos à precariedade e desemprego.
Fonte: Jornal Sol
Fonte: Jornal Sol
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