quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Perspectiva: O que nos espera em 2012?


Vinte personalidades antecipam o que será o ano de 2012 em Portugal.
Vinte personalidades portuguesas de diferentes quadrantes tais como António Mexia, Souto Moura, António Barreto, Joana Vasconcelos ou Ricardo Reis fazem uma antevisão de 2012. Vinte opiniões e um denominador comum: vai ser um dos anos mais difíceis da história recente.
  • Souto Moura, arquitecto e Prémio Pritzker:"Há pessoas a chegar ao limiar da dignidade"
"É evidente que vai haver, e justamente, revoltas de pessoas e (...) há pessoas que estão a chegar ao limiar da dignidade humana".
"Vai haver uma grande recessão. (...) Espero que os políticos se entendam".
  • João Ferreira do Amaral, economista: "O ano mais difícil desde a II Guerra"
"Espero um ano muito difícil, tanto a nível português como europeu.Do ponto de visto económico vai provavelmente ser o ano mais difícil desde a II Guerra Mundial, e por maioria de razão desde o 25 de Abril."
"Mas vai ser muito difícil também do ponto de vista social e até político. Vão crescer tendências nacionais e europeias para uma certa forma de actuação política mais musculada. À medida que as dificuldades forem aparecendo, a reacção das autoridades será nesse sentido."
  • Joana Vasconcelos, artista plástica: "Para Portugal espero trabalho, convicção e muita coragem"
"Os portugueses têm todas essas características, precisam é de reanimá-las."
  • António Mexia, presidente da EDP: "Vai ser exigente para todos"

"O ano de 2012 vai ser exigente para todos os portugueses, para Portugal como um todo. Mas considero que estamos a fazer o que temos de fazer para ganhar credibilidade, grau de manobra, grau de liberdade para controlar o nosso próprio destino."

"Por isso 2012 vai ser, ao mesmo tempo, aquele em que demonstramos que somos capazes de fazer melhor e consolidarmos a credibilidade indispensável para que o país possa ter novamente acesso aos mercados e ajudar a resolver o principal problema da economia portuguesa, o seu financiamento."
  • Ricardo Reis, professor de economia na Universidade Columbia (EUA): "Ainda há razões para não estar excessivamente pessimista"
"Há razões para estar apreensivo com ano de 2012. Vai ser um ano muito difícil. Tem de haver uma contracção do rendimento e, sobretudo, do consumo das pessoas. (...) Temos simplesmente que consumir menos. E consumir menos vem com menos despesas das pessoas, vem com menos salários das pessoas, com maior desemprego. E é muito
custoso e é muito doloroso e não é de todo uma situação desejável, mas é uma situação que se tornou quase inevitável."
"Ainda há razões para não estar excessivamente pessimista. Ainda existe espaço para o Governo, de uma forma corajosa, tentar fazer algumas medidas de estímulo da economia no curto prazo, e existe ainda alguma esperança que a contracção da economia mundial não seja tão grande. Mas é esse o grande perigo interno para a economia portuguesa em 2012."
  • Guilherme d'Oliveira Martins, presidente do Tribunal de Contas: "2012 terá que ser o ano da recuperação"
"Será um ano particularmente exigente, uma vez que estamos numa fase que desejamos ser de início da recuperação, em termos europeus e mundiais, mas em Portugal e nos países europeus do Sul, vai ser indispensável um esforço adicional de disciplina e rigor."
"No entanto, 2012 não pode ser o ano da austeridade, terá que ser o ano da recuperação."
  • Sobrinho Simões, médico e director do IPATIMUP: "Estou chateado e um bocadinho assustado"
"Confesso que estou chateado, estou um bocadinho assustado [com o próximo ano], mas não sou do género de ficar deprimido. Quando fico assustado procuro reagir pela positiva".
"Agora caiu isto [crise] em cima de nós e temos que dar o salto. Acredito que vai melhorar devagarinho, desde que consigamos introduzir no sistema de governação a recompensa ao mérito, o castigo à falta de mérito e a punição da desonestidade".
  • António Barreto, sociólogo: Portugueses vivem momento de ansiedade e ignorância sobre futuro
"É necessário encontrar meios e tempo para o desenvolvimento económico, porque sem isso não há solução. (...) Só pagar as dívidas não chega, se não tivermos a capacidade para nos desenvolvermos".
"É preciso explicar às pessoas o que lhes está a acontecer. (...) É importante para a coesão nacional e para evitar perturbações insustentáveis"
"A população portuguesa está a viver um momento muito difícil, de ansiedade e, sobretudo, de ignorância sobre o que se exactamente se vai passar e como se vai passar.
  • João César das Neves, economista: Portugal "preparado para o choque", mas com medo
"A minha previsão é que Portugal aguente este momento muito difícil. De facto, o ajustamento é brutal quer do lado orçamental quer do lado económico. As incertezas mundiais e, em particular, as europeias são muito grandes e Portugal tem que aguentar. Aguentar quer dizer não cair em erros em que outros países estão a cair no meio da pressão. (...) O país está preparado para o choque e está a ajustar-se com seriedade, com respeito e com medo, mas também com clareza e com vontade".

"2012 vai ser muito difícil, um dos mais difíceis da nossa história, mas somos um país rico, com possibilidade e com um nível de produtividade elevado. Temos que aguentar para chegar a 2013 e iniciar outro ciclo de crescimento".
  • Eugénio Fonseca, presidente da Cáritas: "É dramático"
"[As minhas] expectativas são muito pessimistas, baseadas naquilo que os próprios governantes têm vindo a alertar e fundamentadas nos pareceres dos economistas, que nos dizem que o próximo ano vai ser incomparavelmente mais difícil do que alguma vez já sentimos no pós-guerra. É dramático."
"Não podemos estar tão escravizados ao défice. Valeria a pena equacionar-se a possibilidade de levarmos mais anos a pagar a dívida - a pagar a dívida, porque eu não defendo que não se pague a dívida - para suavizar as exigências decorrentes do pagamento da mesma, porque o povo já não consegue suportar mais sacrifícios."
  • Jorge Ortiga, presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social: "2012 será um ano muito difícil"
"2012 será um ano muito difícil, e consequentemente, exigente para todos os portugueses" e em que a "pobreza irá crescer"
"[Espero que] seja um ano de solidariedade efectiva concretizada no dia a dia.".
"Ainda continua a existir uma riqueza acumulada num número bastante reduzido de portugueses, ainda continua a existir muitos fenómenos de corrupção e de fuga aos impostos, e é necessário que cada um colabore com a sua quota-parte de responsabilidade."
  • Paula Gil, dirigente do movimento "12 de Março": 2012 vai ser pior e com "muita contestação"
"Tendo em conta as medidas que o Governo está a aplicar, 2012 vai com certeza ser pior" e "com muita contestação" social".
"Trabalhar gratuitamente em dias feriados e mais meia hora por dia é um retrocesso social", "tem um nome e chama-se escravatura".
  • Paulo Pereira de Almeida, investigador do Instituto Superior do Trabalho e da Empresa (ISCTE)2012 será "ano de risco e pressão"
"2012 será um ano de risco e de alguma pressão sobre as forças e serviços de segurança no sentido em que será preciso perceber quais os movimentos que estão na base da contestação social e saber qual o tipo de respostas".
"2012 será seguramente um ano de teste para aquilo que é a segurança interna em Portugal".
  • Manuel António Pina, escritor: Que "mudem pelo menos as expectativas"
"Mudem pelo menos as expectativas em relação a 2012, que são as piores possíveis."
"Como ainda há pouco tempo provou o relatório da OCDE, os pobres estão cada vez mais pobres, os ricos mais ricos, há cada vez mais insegurança, cada vez mais falta de escrúpulos e cada vez mais a submissão aos ditames do dinheiro e do capital financeiro", acrescentou o escritor.
"O 'rating' das pessoas, utilizando um termo muito em voga, está cada vez mais como 'lixo', que é o que acontece com estas políticas recessivas que têm sido adoptadas".
  • Rui Cardoso, funcionário público em Macau e treinador de futebol: "Cenário económico de total depressão"
"Falar nas perspectivas para 2012, se calhar era melhor falar da falta de perspectivas porque o cenário económico não é de crise, mas de total depressão".
"Como fui educado a honrar a Pátria e a respeitá-la, espero que eles (os políticos) respeitem o nosso Portugal e não nos façam, a nós que vivemos cá fora a muitos quilómetros de distância, envergonharmo-nos dos portugueses que temos."
  • João Serra, presidente da Fundação Cidade de Guimarães: Recuperar o espírito "generoso" dos fundadores da Europa
"É preciso recuperar o espírito generoso e aberto dos fundadores da Europa."
"Em 2012] é indispensável que se verifique uma inflação estratégica no plano da liderança [da Europa]".
"O grande desafio para Portugal é saber contar com as próprias forças" e fazer "bem o trabalho de casa".
  • Marta Santos Pais, representante do secretário-geral da ONU para a Violência Infantil:"Consolidar as instituições democráticas" em África
"As lições que nós retiramos deste ano de 2011 são certamente de que existe um alargado sentido de democracia no mundo. Com movimentos de diferentes grupos, em muitas sociedades, houve a possibilidade de alcançar mudanças de regime."
"A esperança para o ano que vem é que, antes de mais, se possam consolidar as instituições democráticas que decorrem dessas transformações políticas, sobretudo nos países de norte de África, onde tantas mudanças tiveram lugar."
  • Eduardo Lourenço, filósofo e ensaísta: Europa falhou menos porque "nunca existiu"
"A Europa falhou menos do que se pode imaginar. A Europa aqui só quer dizer realmente esta tentativa de realizar a utopia da União Europeia, mas nunca existiu, é a primeira vez. Portanto ela não falha, porque ela não existe ainda, não existe como actor político a tempo inteiro."
"Se uma nova fase da construção europeia, paradoxalmente, sair deste caso em que nós estamos seria quase uma coisa providencial."
  • Germano Couto, bastonário da Ordem dos Enfermeiros: Respeito do poder político pela população
"Sabemos que vamos continuar com restrições económico-financeiras e que 2012 não vai ser fácil, mas espero que seja um ano em que a população seja respeitada pelo poder político."
"Sem saúde estamos a preparar a população para mais tarde sofrer consequências que serão devastadoras."
  • Hélder Rodrigues, campeão do Mundo de todo-o-terreno em motos em 2011: Que Portugal "melhore um bocado"
"Espero que [Portugal] melhore um bocado. É claro que as coisas não mudam de um dia para o outro. É como o meu trabalho, não é porque eu treinei mais hoje que amanhã vou ser melhor, mas sim ao longo de muitos anos e de muito trabalho. E eu acho que o nosso país é a mesma coisa: nós podemos trabalhar, podemos ter sucesso e acreditar durante alguns anos para conseguir erguer o nosso país".
Fonte: Económico

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