De forma indirecta, as famílias também acabam por ser afectadas. Saiba como.
Os cortes de ‘rating' à República têm muitas implicações na vida dos Estados, das empresas, dos bancos, mas também no dia-a-dia das famílias. Conheça algumas consequências indirectas.
1. Menos crédito e mais caro
As agências de ‘rating' ao baixarem a avaliação financeira da República cortam, por arrasto, a avaliação dos bancos. Em resultado deste facto, os custos de financiamento dos bancos aumentam. Se os bancos se financiam a um custo mais elevado, também o crédito às famílias e empresas ficará mais caro. Isso mesmo é possível verificar nos dados do boletim estatístico do Banco de Portugal. Em Setembro (os últimos dados disponíveis), os novos créditos à habitação ficaram sujeitos a uma taxa de juro média de 4,2%. Trata-se da taxa mais elevada desde Dezembro de 2008. Além disso, convém lembrar que por causa do corte do ‘rating' da República, as instituições nacionais já não conseguem financiar-se no mercado interbancário e no mercado de dívida, o que significa menor concessão de crédito à economia.
2. Depósitos a taxas mais elevadas
Para quem tem poupanças guardadas, há um efeito positivo a contabilizar: o aumento da remuneração dos depósitos. Os cortes de ‘rating' à República trouxeram consigo a ‘troika' e com ela a imposição de desalavancagem dos bancos, através da concessão de menos crédito e mais captação de depósitos. Privados do financiamento do mercado, os bancos têm de aumentar a captação de recursos de clientes, nomeadamente aumentando as taxas de juro dos depósitos a prazo, tornando-os mais atractivos. Os dados do Banco de Portugal mostram que quem tivesse aplicado o seu dinheiro num depósito em Setembro teria beneficiado de um juro médio de 4,03%. Há 34 meses que a banca não remunerava tão bem estas aplicações. E mesmo apesar do Banco de Portugal ter imposto recentemente penalizações para os bancos que pratiquem taxas de juro demasiado elevadas nos depósitos, a verdade é que as remunerações destas aplicações mantêm-se elevadas. E a tendência deverá continuar a assistir-se nos próximos tempos, já que a banca tem de reduzir, segundo a ‘troika', a sua dependência do BCE. Ou seja, os banco vão ter de continuar a apostar na captação de depósitos.
3. Investimentos em bolsa saem penalizados
Quem tem acções portuguesas ou fundos de investimento ligados a activos lusos tem sido muito penalizado nos últimos tempos. O facto das agências de ‘rating' terem vindo a efectuar sucessivos cortes de avaliação da República e dos bancos portugueses, tem afastado os investidores internacionais da bolsa portuguesa. Apesar das acções portuguesas estarem baratas isso não é suficiente para atrair o interesse dos investidores. Desde o início do ano, o PSI 20 acumula uma queda de 27%.
Fonte: Económico
Fonte: Económico
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