quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Bruxelas admite mais austeridade para os Portugueses

Os líderes europeus reunidos ontem em Bruxelas para resolver a crise da Zona Euro (17 países que aderiram ao euro) elogiaram os progressos portugueses, mas deixaram claro que o País deve estar preparado para tomar "mais medidas se tal for necessário".

Num projecto de conclusões da reunião que se arrastou noite dentro, os chefes de Estado e de Governo da Zona Euro referiam-se aos "bons progressos" alcançados por Portugal e pela Irlanda e convidavam estes países a "prosseguirem os seus esforços, manterem-se comprometidos com as metas acordadas e estarem prontos a tomar quaisquer medidas adicionais necessárias para atingir essas metas".

O jantar de trabalho do Eurogrupo seguiu-se à cimeira dos 27 que, apesar das elevadas expectativas, produziu apenas uma decisão, a recapitalização da Banca. O perdão da dívida grega e o reforço do fundo de resgate europeu ficaram adiados.

As instituições financeiras têm até Junho do próximo ano para subir os rácios de capital para 9%, sendo que estão obrigadas a contabilizar o valor da dívida pública que têm em carteira a preços de mercado. Ou seja, boa parte dos bancos europeus vão ver os activos desvalorizar e serão obrigados a injectar capitais estatais para cumprirem as metas impostas por Bruxelas.

As entidades que não cumpram tais requisitos ficarão sujeitas a " limitações no que se refere ao pagamento de dividendos e prémios", segundo um comunicado emitido pelo conselho europeu.

Quanto ao perdão da dívida grega, a chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, deveriam reuniu-se ainda ontem com os principais bancos credores da dívida grega para negociarem as condições do "perdão".

CHINA APOIA EURO MAS QUER CONTRAPARTIDAS

A China mostrou-se ontem disponível a contribuir para o fundo de resgate europeu, através da compra de obrigações de países do euro, mas impôs contrapartidas à União Europeia: ser considerada uma economia de mercado. Também a Rússia e o Brasil poderão perfilar-se no reforço do fundo, segundo fontes citadas pela AFP.

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, planeia falar hoje com o presidente chinês, Hu Jintao, para negociar a participação daquele país no reforço do fundo.

TERCEIRA REUNIÃO NO DOMINGO EQUACIONADA

A maratona de negociações entre os 17 Estados-membros da Zona Euro chegou ontem a abrir caminho a uma terceira cimeira no fim-de-semana, no próximo domingo. Ao final da tarde de ontem, o cenário era encarado como hipótese por fontes diplomáticas, não confirmada. Alguns Estados-membros da União Europeia já alertaram que o excesso de cimeiras não resolve os problemas da Europa. Desde sábado, dia 22, realizaram-se inúmeras reuniões negociais.

AUMENTOS COM PRODUTIVIDADE

O Governo defende que a subida do salário mínimo em Portugal deve estar indexada à produtividade. "Também acho que o salário mínimo nacional terá de aumentar nos próximos anos, só que, como é que nós conseguiremos aumentar o salário mínimo e os outros salários? Só fazendo uma coisa, que é criando mais riqueza, tornando a economia portuguesa mais produtiva e mais competitiva", afirmou o ministro da Economia e Emprego.

Os cenários macroeconómicos, contudo, apontam para a maior retracção da economia dos últimos trinta anos em 2012, situação que se deverá prolongar por mais alguns anos. Para Álvaro Santos Pereira, que falava ontem no Parlamento, se existisse agora um "aumento substancial" do salário, isso "seria meio caminho andado para declararmos o falhanço de Portugal". O ministro criticou ainda o aumento de salários nominais após o 25 de Abril.

MEIA HORA A MAIS ATÉ FIM DA AJUDA

O ministro da Economia, Santos Pereira, afirmou ontem que a meia hora adicional no horário de trabalho vai vigorar durante todo o programa de assistência financeira a Portugal. 

GOVERNO SEM MARGEM NA TSU

Álvaro Santos Pereira explica que "se não houve descida da TSU", no Orçamento para 2012, foi porque não houve "margem orçamental", e afirmou que "há vida além da austeridade".

SALVAGUARDADA JUSTA CAUSA

Álvaro Santos Pereira garantiu ontem que o conceito de justa causa no despedimento será salvaguardado e que o Governo não quer "de modo algum retirar direitos aos trabalhadores".

DESEMPREGO PASSA OS 13,4%

A taxa de desemprego para 2012 deverá ser superior aos 13,4% estimados pelo Governo, colocando uma pressão adicional sobre as despesas com prestações sociais e sobre o défice, considera a Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) na sua análise à proposta de Orçamento do Estado, com data de 25 de Outubro. A UTAO realça ainda a redução dos encargos com prestações sociais superior a 1600 milhões de euros.

NÚMERO RECORDE DE CIMEIRAS

Longe vão os tempos em que as cimeiras europeias se resumiam a algumas horas de discussão. Desde o início de 2010, com a crise das dívidas soberanas, já se contabilizaram 17 cimeiras. Em média, noutros anos, os líderes europeus participavam em cinco a seis cimeiras, incluindo encontros do G20 (os vinte mais ricos).

Fonte: Correio da Manhã

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Extensor peniano