O primeiro-ministro avisou hoje que seria "imprudente aumentar a carga fiscal" sobre o sector privado admitindo que os patrões estão pressionados a cortar nos salários para aumentar a competitividade das empresas.
Passos Coelho respondeu assim, de forma implícita, ao Presidente da República, que há dois dias considerou que a decisão de cortar os subsídios dos funcionários públicos e pensionistas apenas, "violava a equidade fiscal".
"Sabemos que a racionalização de custos no sector privado significará em muitos casos um aumento do desemprego, a redução dos salários ou de outras compensações como bónus, benefícios e prémios de desempenho. Sabemos que significará em muitos casos a redução dos lucros e portanto dos lucros distribuídos. É o que farão os nossos competidores internacionais. Teremos de fazer o mesmo se quisermos ultrapassar a crise económica e lançar as bases do crescimento futuro."
"Os sacrifícios associados à redução de custos no sector privado terão de servir para melhor a competitividade das nossas empresas. O que vale por dizer que não devem estar ao serviço do esforço de consolidação orçamenta, mas do crescimento económico. Por estes motivos seria tão injusto quanto imprudente fazer a consolidação orçamental que não predominantemente pelo lado da despesa."
Apesar destas declarações, o primeiro-ministro afirmou que o Presidente "conta com todo o apoio e colaboração do Governo" "E, estou convencido, o Governo continuará a contar com todo o apoio do senhor Presidente da República", acrescentou.
Passos Coelho começou por recusar responder às críticas do chefe de Estado, considerando que "o país atravessa uma situação suficientemente delicada para que o primeiro-ministro esteja empenhado em garantir o mais possível a união entre todas as instituições".
Questionado depois se informou Cavaco Silva da intenção do Governo de cortar os subsídios de férias e de Natal, Passos Coelho respondeu: "O Presidente da República e o primeiro-ministro conversam regularmente todas as semanas, de resto, sobre todas as matérias que são importantes e relevantes. Como é de praxe, o teor dessas conversas não é revelável".
Interrogado se lhe foi indicado "outro caminho", o primeiro-ministro alegou já ter respondido a essa questão. "Mas quero voltar a dizer, para que não haja uma sombra de dúvida: Nunca ninguém contará comigo para, em especial em momentos de tantas dificuldades como este, estar a contribuir para alimentar qualquer polémica, ainda para mais com o senhor Presidente da República", acrescentou.
Recado ao Partido Socialista
Passos fez um retrato dramático da situação do país e deixou um recado ao PS e a António José Seguro que têm criticado o Governo por não ter uma estratégia para o crescimento e empurrar o país para a recessão.
"Estamos quase soz.inhos neste quadro negativo do crescimento económico. Os factos são demasiado pesados e obrigam-nos a repensar a nossa política de crescimento de um modo global e com a honestidade intelectual que o momento exige."
Depois de insistir no compromisso de ir além da troika nas reformas para eliminar os obstáculos e distorções à economia, o primeiro-ministro anunciou a criação de um tribunal especializado em questões de regulação e concorrência e da "redefinição dos estatutos do regulador e a simplificação dos processos de aplicação da lei".
Fonte: DN.PT
Fonte: DN.PT
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