domingo, 2 de outubro de 2011

América e Europa à beira de uma recessão desastrosa


As taxas de juro das obrigações nos EUA, Alemanha ou Reino Unido caíram para níveis históricos.

A taxa de retorno dos títulos do tesouro norte-americano, por exemplo, está abaixo dos 2%, o valor mais baixo desde 1953, e a dos títulos a 10 anos chegou a 0%.

Valores incompreensíveis e com consequências muito negativas. Com efeito, o FMI alertou esta semana para o facto dos Estados Unidos e da Europa estarem à beira duma nova recessão. A única causa destas taxas tão baixas são a previsão de uma corrida ao capital e da subida da inflação.

Seria desastroso para as economias americana e europeia caírem de novo, quando os níveis de desemprego são já tão altos; os mercados financeiros, as empresas e os consumidores ressentir-se-iam e o declínio económico acelerar-se-ia. Em termos gerais, poderíamos ter uma repetição de 1937, quando a América caiu em recessão após 3 anos de recuperação da Grande Depressão.

Como saber se estamos à beira duma nova recessão? Primeiro, não há outra explicação plausível para a queda dos juros. Apesar da políticas financeiras serem muito liberais, isso não explica um retorno tão baixo nas obrigações a longo prazo. Além disso, os mercados de obrigações reflectem a recessão através duma curva de retorno invertida, onde as taxas a longo prazo são mais baixas dos que as a médio prazo.

Por outro lado, os dados apontam uma fraqueza muito séria nas economias dos EUA e da Europa. Nos Estados Unidos o poder de compra desceu e a procura de emprego subiu nas últimas semanas. Na Europa, a tendência é a mesma. A Alemanha e a França não cresceram no último trimestre. O consumo desceu e a Comissão Europeia prevê um crescimento de 0,2% e 0,1% para o 3º e 4º trimestres, respectivamente. O agravamento da dívida soberana aponta para um resultado ainda pior. Esta crise da dívida é a responsável por empurrar ambas as regiões para a ruptura. É ela a responsável pelo corte do crédito não só aos países, mas também a pequenos investidores e às pequenas e médias empresas, pela diminuição do consumo e da confiança e das perspectivas de exportação.

A crise era evitável, não tivessem os lideres europeus adiado as soluções e, dum modo geral, evitado ver o que aí vinha. Sabemos que gerir a política de cada país é difícil. Mas o risco dum colapso do mercado e subsequente contracção económica é elevadíssimo. E perante tal risco, os líderes europeus têm de enfrentar os políticos.

Uma moeda única para 17 países requer inevitavelmente uma união financeira e até uma união fiscal. É altura de parar de negar o inevitável. A estabilidade financeira europeia deve ser fortalecida para poder suportar países como a Espanha ou Itália. Por outro lado, os poderes do Banco Central Europeu devem ser reforçados, de modo a conseguir manter um sistema bancário e um mercado de capitais sólidos. Isto requer uma capacidade permanente de financiar os bancos directamente e flexibilidade para comprar e vender dívidas soberanas em mercados secundários. Estas reformas terão de ser acompanhadas por medidas de regulação e supervisão mais apertadas, a nível da zona euro, e um acompanhamento do FMI aos empréstimos concedidos pelo EFSF (Fundo Europeu de Estabilidade Financeira).

A América, por seu lado, devia concentrar-se em obter um novo estímulo financeiro. O plano de Obama para a criação de emprego ou outro semelhante deveria ser levado a cabo imediatamente, bem como outras medidas para facilitar a concessão de crédito.

Outra recessão teria um profundo impacto no mercado de trabalho e na confiança do público, levaria anos a ultrapassar e deve ser evitada a todo o custo. Tudo isto requer aquele tipo de liderança, com visão de futuro, que não temos visto muito nos últimos tempos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Extensor peniano