Portugal perdeu competitividade no início deste ano face à média da zona euro quando deveria estar a recuperar. Apesar de ter evoluído de forma favorável nos últimos nove trimestres (desde finais de 2009), a verdade é que a média da zona euro tem conseguido desvalorizar ainda mais, pressionando de sobremaneira a economia portuguesa.
Segundo o boletim estatístico do Banco de Portugal, o índice cambial efetivo real (deflacionado pelos custos unitários do trabalho) caiu no primeiro trimestre, mas não tanto como aconteceu na média da zona euro, o que indicia que os ordenados nacionais poderão ter de cair mais num futuro próximo para compararem bem em termos europeus.
Desde finais de 2009, o índice cambial efetivo real ligado aos ordenados caiu 6% em Portugal, enquanto na zona euro o recuo foi de 14%. Na altura Portugal era cerca de 1,2% mais 'caro' face à média da zona euro, mas essa diferença agora engordou para mais de 10% no primeiro trimestre de 2012.
Ou seja: neste momento, Portugal precisa de ter salários reais 10% abaixo do nível atual (pelo menos) para conseguir competir taco a taco com os parâmetros dos parceiros da zona euro. Os 10 pontos percentuais em causa resultam da diferença entre o índice de 101,8 pontos de Portugal e os 91,6 pontos da zona euro no primeiro trimestre.
Portanto, este indicador mostra se as remunerações estão a dificultar ou não a estratégia de embaratecimento relativo da economia, se estão a dificultar as exportações ou não, mesmo as vendas que vão para o espaço da união monetária. É também um indicador muito usado pelos decisores de política económica e monetária (Governos, Comissão Europeia, BCE) para argumentar a favor da forte redução/moderação salarial que é "necessária" nas economias em ajustamento, como é o caso de Portugal.
Fonte: Dinheiro Vivo
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