Nouriel Roubini considera que, nesta altura, para sair da crise, a Grécia precisa de regressar ao dracma.
Num artigo de opinião publicado hoje no Financial Times, Roubini volta a criticar a austeridade imposta na Grécia pela União Europeia e pelo FMI, e defende uma "reestruturação ordeira" da dívida grega e consequente saída da zona euro.
"A Grécia está presa num ciclo vicioso de insolvência, fraca competitividade e uma depressão cada vez mais profunda", escreve o economista, alertando que a dívida pública helénica está a perto de atingir os 200% do PIB.
Na opinião de Roubini, o economista que ficou conhecido por antecipar a crise financeira de 2008 dos EUA, para evitar o colapso, "a Grécia tem de avançar já para um ‘default' ordeiro, sair voluntariamente do euro e regressar ao dracma". Isto porque uma forte depreciação da moeda nacional "restauraria rapidamente a competitividade e o crescimento" do país, tal como aconteceu na Argentina, recomenda Roubini.
O economista reconhece, contudo, que o processo de saída da Grécia da zona euro seria "doloroso", provocando, por exemplo, avultadas perdas aos bancos da zona euro, que seriam ultrapassáveis se as instituições forem "agressivamente recapitalizadas".
O professor da Universidade de Nova Iorque diz ainda que o recente acordo de troca de títulos de dívida que a Europa ofereceu à Grécia é um "roubo", fornecendo muito menos alívio à dívida da Grécia do que o país precisava", aconselhando Atenas a rejeitar o acordo e a renegociar outro que seja melhor.
Em todo o caso, frisa Roubini, mesmo que fosse dado um alívio significativo à dívida grega, o país não seria capaz de voltar ao crescimento, a menos que a competitividade seja rapidamente restaurada. "Sem um regresso ao crescimento, as dívidas vão permanecer insustentáveis", alerta.
No artigo, Roubini afirma que "outros países periféricos têm problemas de sustentabilidade de dívida e de competitividade do estilo da Grécia", defendendo que "Portugal, por exemplo, pode eventualmente ter que reestruturar a sua dívida e sair do euro".
Quanto à Itália e Espanha, Roubini afirma que são duas economias "potencialmente solventes", mas que irão necessitar de financiamento da Europa, independente da Grécia sair ou não do euro.
E conclui: "que não haja enganos: uma saída ordeira do euro vai ser difícil, mas assistir à lenta implosão desordeira da economia grega e da sociedade vai ser muito pior".
Fonte: Económico
Fonte: Económico
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