O antigo ministro da Economia Daniel Bessa afirmou hoje que o "dinheiro acabou" em Portugal e que Lisboa não tem, actualmente, autonomia "absolutamente nenhuma" face a Bruxelas.
"O que há de novo é que o dinheiro acabou. E acabou dramaticamente porque o setor financeiro português tem que fazer uma desalavancagem brutal", disse o economista durante uma intervenção no 13.º Fórum da Indústria Têxtil, que decorreu hoje no Porto.
Daniel Bessa salientou que os bancos vão ter que fazer uma "redução do 'stock' de crédito" na ordem dos 20 por cento, que vai ter que incidir maioritariamente sobre as empresas.
Para o ex-ministro o maior erro do programa desenvolvido atualmente pelo Governo é "não ter previsto que as empresas públicas pagassem o que devem à banca para que [esta] pudesse libertar financiamento" ao restante tecido empresarial.
"Não tenho a certeza de que os portugueses em geral estejam já suficientemente convencidos do que lhes aconteceu", começou por dizer o também diretor-geral da COTEC, referindo-se a uma "novidade que precisa de ser incorporada" e que diz respeito à perda de soberania do país: "Nós não temos autonomia neste momento absolutamente nenhuma".
Daniel Bessa destacou que um banco português "no limite" deveria considerar tornar-se num "franchising" de uma instituição financeira internacional, reconhecendo a difícil situação do momento: "Eu não tenho dinheiro e procuro um parceiro".
Ainda assim, o diretor-geral da COTEC disse-se surpreendido pelo interesse demonstrado por investidores estrangeiros nas grandes empresas nacionais, ressalvando não estar apenas a referir-se a companhias como a REN, a EDP ou a Galp, mas sem querer precisar.
Uma das características da sociedade portuguesa é que "o capital não circula", afirmou Daniel Bessa, algo que vai mudar "violentamente" e vai causar alterações "radicais" na vida das empresas, uma vez que as estruturas acionistas vão ser mudadas.
Fonte: DN.PT
Fonte: DN.PT
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