sábado, 20 de agosto de 2011

Warren Buffett: Multimilionário quer os ricos a pagar a crise

Multimilionário quer os ricos a pagar a crise
Durante 30 anos não se apercebeu de que havia um Picasso na parede, a sua arte é outra: fazer dinheiro. Agora, em tempo de crise, pede para as grandes fortunas serem mais tributadas.

De pequenino começou a construir a imensa fortuna: comprou a primeira acção aos 11 anos, e três anos depois - com o dinheiro ganho na entrega de jornais porta a porta - uma pequena quinta. Hoje é um dos homens mais ricos do mundo. E não cessa de surpreender este homem que recusa telemóvel e não tem computador na mesa de trabalho.

Num artigo de opinião publicado no New York Times, o multimilionário norte-americano Warren Buffett faz um apelo curioso. Pede para pagar impostos, apela aos governantes para deixarem "de mimar os super-ricos". À primeira vista, Buffett parece recuperar o velho slogan "os ricos que paguem a crise", da extrema-esquerda. Não vai tão longe, é certo. Mas contesta com extrema lucidez a imoralidade da política fiscal. A tributação da sua fortuna, lembra, é de 17,4 por cento, enquanto um empregado médio paga 36 por cento.

O grupo a que preside, a Berksire Hathaway, pagou 6,9 milhões de dólares em impostos. Até pode parecer muito dinheiro, sublinha, "mas percentualmente é menos do que pagou o resto dos trabalhadores nas nossas empresas".

Apoiante de Obama, o capitalista Buffett, astuto investidor, sabe que, nos dias que correm, a credibilidade dos Estados Unidos está em jogo. Chegou, portanto, a hora de pôr na ordem as contas públicas. Daí o apelo aos legisladores em Washington para aumentar os impostos às maiores fortunas.

Nascido em Omaha, Nebraska, há 80 anos, Warren Buffett protagoniza uma verdadeira história de sucesso. Bola de Neve, o título da sua biografia, escrita por Alice Schroeder, é a imagem perfeita para descrever a sua fortuna. Como uma bola de neve, os dólares foram engordando a sua conta bancária. A actual crise preocupa-o, mas não tolhe o antigo fascínio de investir. "Gosto de ir às compras quando toda gente vende." Na passada segunda-feira, reforçou a sua carteira de acções: "Gastámos mais dinheiro do que em qualquer outro dia do ano", revela.

Homem de hábitos, vive na mesma casa comprada há 50 anos, após o primeiro casamento; todos os dias, às 08.30 em ponto, senta-se na escrivaninha que pertenceu ao pai e começa a trabalhar. Volta a casa às 17.30; na alimentação, desagrada-lhe mudar de sabores. "Poderia comer sanduíche de presunto 50 dias seguidos", conta no livro a Bola de Neve. Nos negócios segue os mesmos princípios. Só investe nas áreas que conhece. Tido como grande amigo de Bill Gates, todavia, nunca comprou acções de tecnologia - porque não entende desse negócio.

Aos aprendizes de capitalistas e não só, com base na sua longa experiência, deixa vários conselhos. Por exemplo, "apenas trabalhe com pessoas de que goste. Se tem de trabalhar toda a manhã com o estômago às voltas, é porque está no negócio errado". Aos jovens, aconselha a ficarem longe dos cartões de crédito, a evitar empréstimos bancários e a não fazer o que os outros dizem: "Oiça-os, mas faça aquilo que se sente bem a fazer."

Na sua juventude, conta, foi influenciado pelo livro Como Ganhar Amigos e Influenciar Pessoas, de Dale Carnegie. Uma da regras expressas na obra é a seguinte : "Não critique, condene ou reclame." Com o mesmo autor aprendeu a arte de falar em público. "Sempre que precisava de falar em público, ficava apavorado que não conseguia, simplesmente começava a vomitar."

A cultura, enfim, é o ponto fraco do multimilionário de Omaha. Durante trinta anos não reparou no quadro de Picasso que o seu melhor amigo Kay Graham, ex-editor do The Washington Post, tinha em casa. A cultura interfere com o seu foco nos negócios, defende.

Fonte: DN.PT

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