terça-feira, 2 de agosto de 2011

Os melhores líderes do mundo eram mentalmente doentes?

Pesquisadores argumentam que os transtornos psiquiátricos foram responsáveis pela criação de alguns dos grandes líderes mundiais.

Virou moda falar que a doença mental tem vários lados positivos, o que explicaria a persistência de doenças como a depressão. Por exemplo, a tendência das pessoas deprimidas a remoer sentimentos, normalmente vista como uma característica indesejável porque alimenta o pensamento negativo, poderia aprofundar a compreensão dos seus problemas e melhorar a tomada de decisões.

Infelizmente, há poucos dados empíricos para apoiar esta posição, e seus muitos opositores apontam que as pessoas deprimidas tendem a remoer as coisas de uma forma irracional (e portanto é improvável que isso leve a ideias esclarecedoras).

Esses argumentos não impediram Nassir Ghaemi de escrever o livro A First-Rate Madness (Loucura Exelente, em tradução livre) argumentando que os melhores líderes durante os tempos difíceis são aqueles com transtornos do humor, uma vez que a doença aumenta as qualidades que a gestão de crises exige.

Tal hipótese provocativa requer provas sólidas. Ainda há muito pouco para sustentar a afirmação de que a doença mental é necessária para o florescimento de traços de liderança.

Se o realismo, a empatia e a criatividade são ferramentas de sobrevivência, úteis em quaisquer condições, são intensificadas apenas pela insanidade, por que a patologia mental não é mais difundida?

Enquanto ninguém discorda da premissa de que os líderes que são bem sucedidos em tempo de paz são falhos na guerra, e vice-versa, o livro, que foca nos traços de personalidade, fica pouco à vontade com as recentes pesquisa sobre identidade social e dinâmica de grupo, que sugere que a liderança tem mais a ver com a relação entre um líder e seus seguidores do que com o caráter de um indivíduo.

Nesse pensamento tradicional, Winston Churchill, John F. Kennedy (JFK) , Abraham Lincoln, Sonia Gandhi e até mesmo George W. Bush foram influentes em momentos cruciais porque trabalharam duro para serem vistos como atuantes a favor do interesse coletivo dos grupos que representavam.

O livro tem uma abordagem muito diferente, aplicando as ferramentas da psicologia e psiquiatria em figuras históricas para verificar como o seu estado de espírito ditava o seu comportamento.

A análise é interessante, mas “história psicológica” é uma ciência inexata. Enquanto o sucesso de JFK pode ter sido causado pelo seu uso de esteroides e anfetaminas que o deixaram maníaco, Hitler foi um fracasso porque o seu abuso de metanfetamina fizeram dele muito maníaco. Richard Nixon geralmente considerado bem sucedido, mas também paranoico e depressivo durante a maior parte de sua presidência em tempos de paz, foi readiagnosticado como mentalmente saudável e, portanto, mal equipado para lidar com uma crise como o Watergate (série de reportagens de denúncia que viraram escândalo político e levaram à sua renúncia).

O autor reconhece a incerteza na tomada de tais exemplos, admitindo que ele nunca poderia provar, por exemplo, que a depressão de Churchill era relacionada à sua avaliação realista do nazismo. Um dos únicos objetivos declarados de Ghaemi é desmantelar o estigma cultural que envolve a doença mental. O motivo é nobre, mas faltam evidências.

Fonte: hypescience

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