Pesquisadores argumentam que os transtornos psiquiátricos foram responsáveis pela criação de alguns dos grandes líderes mundiais.
Virou moda falar que a doença mental tem vários lados positivos, o que explicaria a persistência de doenças como a depressão. Por exemplo, a tendência das pessoas deprimidas a remoer sentimentos, normalmente vista como uma característica indesejável porque alimenta o pensamento negativo, poderia aprofundar a compreensão dos seus problemas e melhorar a tomada de decisões.
Infelizmente, há poucos dados empíricos para apoiar esta posição, e seus muitos opositores apontam que as pessoas deprimidas tendem a remoer as coisas de uma forma irracional (e portanto é improvável que isso leve a ideias esclarecedoras).
Esses argumentos não impediram Nassir Ghaemi de escrever o livro A First-Rate Madness (Loucura Exelente, em tradução livre) argumentando que os melhores líderes durante os tempos difíceis são aqueles com transtornos do humor, uma vez que a doença aumenta as qualidades que a gestão de crises exige.
Tal hipótese provocativa requer provas sólidas. Ainda há muito pouco para sustentar a afirmação de que a doença mental é necessária para o florescimento de traços de liderança.
Se o realismo, a empatia e a criatividade são ferramentas de sobrevivência, úteis em quaisquer condições, são intensificadas apenas pela insanidade, por que a patologia mental não é mais difundida?
Enquanto ninguém discorda da premissa de que os líderes que são bem sucedidos em tempo de paz são falhos na guerra, e vice-versa, o livro, que foca nos traços de personalidade, fica pouco à vontade com as recentes pesquisa sobre identidade social e dinâmica de grupo, que sugere que a liderança tem mais a ver com a relação entre um líder e seus seguidores do que com o caráter de um indivíduo.
Nesse pensamento tradicional, Winston Churchill, John F. Kennedy (JFK) , Abraham Lincoln, Sonia Gandhi e até mesmo George W. Bush foram influentes em momentos cruciais porque trabalharam duro para serem vistos como atuantes a favor do interesse coletivo dos grupos que representavam.
O livro tem uma abordagem muito diferente, aplicando as ferramentas da psicologia e psiquiatria em figuras históricas para verificar como o seu estado de espírito ditava o seu comportamento.
A análise é interessante, mas “história psicológica” é uma ciência inexata. Enquanto o sucesso de JFK pode ter sido causado pelo seu uso de esteroides e anfetaminas que o deixaram maníaco, Hitler foi um fracasso porque o seu abuso de metanfetamina fizeram dele muito maníaco. Richard Nixon geralmente considerado bem sucedido, mas também paranoico e depressivo durante a maior parte de sua presidência em tempos de paz, foi readiagnosticado como mentalmente saudável e, portanto, mal equipado para lidar com uma crise como o Watergate (série de reportagens de denúncia que viraram escândalo político e levaram à sua renúncia).
O autor reconhece a incerteza na tomada de tais exemplos, admitindo que ele nunca poderia provar, por exemplo, que a depressão de Churchill era relacionada à sua avaliação realista do nazismo. Um dos únicos objetivos declarados de Ghaemi é desmantelar o estigma cultural que envolve a doença mental. O motivo é nobre, mas faltam evidências.
Fonte: hypescience
Fonte: hypescience
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