sábado, 14 de maio de 2011

Descalabro Aberrante: Relação absolveu médico da violação de paciente grávida

Médico absolvido de violação porque não foi muito violento
Ao absolver um psiquiatra do crime de violação contra uma sua paciente, que se encontrava grávida, o Tribunal da Relação do Porto “revitimizou a vítima”. Foi esta a consideração que a União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR) teceu, esta quinta-feira, em relação a um acórdão que considerou “chocante”.

“Esta acórdão é chocante e serviu para revitimizar a vítima. É uma mulher que precisava de ajuda, que ainda por cima estava grávida, e, que, por isso, procurou o profissional de saúde” acusado, disse a dirigente da UMAR Maria José Magalhães.

A responsável manifestou o desejo de que a vítima recorra para outra instância e disponibilizou os serviços da UMAR para “dar a ajudar que puder”.

Em Julho de 2001, um psiquiatra da Foz, no Porto, foi condenado em primeira instância a 5 anos de cadeia, pena suspensa por igual período, por violação da cliente grávida, durante uma consulta privada realizada na residência do especialista.

O psiquiatra recorreu para a Relação do Porto que, num acórdão, esta quinta-feira, divulgado pelo “Diário de Notícias”, revogou a decisão da primeira instância, absolvendo-o.

“Segundo a maioria dos juízes, os actos sexuais dados como provados no julgamento da primeira instância não foram suficientemente violentos. Agarrar a cabeça (ou os cabelos) de uma mulher, obrigando-a a fazer sexo oral e empurrá-la contra um sofá não constituíram actos susceptíveis de serem enquadrados como violentos”, escreve o jornal, numa alusão ao acórdão da Relação do Porto.

“Lamento que a Justiça permita que pessoas que têm poder sobre pacientes, usem esse poder, e não considere violência grave o que se passou”, assinalou a responsável da UMAR Maria José Magalhães.

Para uma paciente fazer queixa, “num quadro em que os custos emocionais são muito grandes, é porque a situação foi realmente muito grave”, acrescentou, considerando que Portugal vive ainda um quadro de injustificada tolerância face à violação e violência sobre a mulher.

“Não quer dizer que seja este o caso concreto, mas em Portugal subsiste uma ideologia ilusória e falsa segundo a qual as vítimas gostam de ser violadas e que, se se queixam, é porque são mentirosas ou querem prejudicar o acusado”, afirmou a dirigente da UMAR.

Maria José Magalhães disse que estes “mitos” que resistem “nesta sociedade patriarcal, contribuem para o silêncio das vítimas” e ferem o princípio que preconiza, segundo o qual a justiça “tem de fazer equilíbrio pelos mais frágeis”.

A dirigente da UMAR acrescentou que o acórdão “não anda muito longe” do proferido nos anos 1980 por um tribunal de comarca do Algarve, que absolveu portugueses acusados de violar jovens nórdicas com o argumento de que as raparigas “invadiram uma coutada do macho latino”, sublinhou.~

Fonte: Porto24

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